Boulos discursa contra ditadura, e Haddad diz que democracia corre risco

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

No primeiro bloco do debate da TV Globo com candidatos a presidente, nesta quinta-feira (4), Guilherme Boulos (PSOL) fez um discurso veemente alertando para o que considerou o risco de uma nova ditadura no Brasil. As declarações de Boulos vieram em resposta a uma pergunta de Fernando Haddad (PT) sobre Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas de intenção de voto e que defende abertamente a ditadura militar (1964-1985).

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Na pergunta, Haddad disse que Bolsonaro apoia o governo de Michel Temer (MDB) e o corte de direitos como o 13º salário e programas sociais como o Bolsa Família, e perguntou o que o candidato do PSOL achava disso. Foi a deixa para o discurso de Boulos.

Não dá para a gente fingir que está tudo bem. Nós estamos há meses fazendo uma campanha que está marcada pelo ódio. Faz 30 anos que esse país saiu de uma ditadura. Muita gente morreu, muita gente foi torturada, tem mãe que não conseguiu enterrar seu filho até hoje (...) Faz 30 anos, mas eu acho que a gente nunca teve tão perto disso que aconteceu naquele momento.

Guilherme Boulos

Boulos prosseguiu dizendo que "teve gente que derramou sangue" pela democracia. "Se você vai poder votar no domingo, é porque teve gente que deu a vida para isso."

"Eu não quero que as minhas filhas cresçam numa ditadura", afirmou Boulos, que seguiu com uma alusão à promessa de Bolsonaro de armar a população.

"Sempre começa assim. Arma, com tudo se resolve na porrada, que a vida do ser humano não vale nada. Eu acho que nós temos que dar um grito nesse momento, botar a bola no chão e dizer ditadura nunca mais."

Na réplica, Haddad agradeceu Boulos pelo "alerta" feito ao país e por ter citado "o risco que estamos correndo". "Sem democracia, não há direitos", disse o petista, emendando com uma série de programas dos governos petistas que, segundo ele, "não existiriam sem democracia".

Boulos encerrou sua participação com uma tréplica na qual afirmou que a "turma do ódio, a turma do Bolsonaro, é também a turma da destruição dos direitos". Segundo o candidato do PSOL, "esse ódio que eles propagam nasce da indiferença", e afirmou que só com o fim da indiferença o ódio pode ser vencido.

Jair Bolsonaro não participa do debate da Globo. Ele alegou que ainda está se recuperando da facada que levou no dia 6 de setembro e que, por isso, não poderia comparecer. Ele gravou uma entrevista com a Record TV que foi ao ar no mesmo horário do início do debate na emissora concorrente.

Além de Haddad e Boulos, participam do debate Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos).

Também disputam a Presidência Cabo Daciolo (Patriota), Eymael (DC), João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia (PSTU).

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