Em afago à região Nordeste, Bolsonaro recua sobre Lula e cita Bolsa Família
Gustavo Maia
Do UOL, no Rio
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Ueslei Marcelino - 24.mai.2018/Reuters
Multidão recepciona o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no aeroporto de Salvador, ainda na fase da pré-campanha
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, deflagrou uma ofensiva midiática de olho nos votos dos eleitores nordestinos.
A três dias do primeiro turno das eleições, o deputado federal deu nesta quinta-feira (4) duas entrevistas a emissoras de rádio da região, onde ele tem seu menor percentual nas pesquisas eleitorais.
Falando à Rádio Jornal, pela manhã, e à rádio CBN, pela tarde, ambas de Pernambuco, o presidenciável defendeu e prometeu não acabar com o programa Bolsa Família e disse lamentar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nascido e popular no estado. Em declarações anteriores, Bolsonaro usava tom mais crítico em relação ao ex-presidente. Em agosto, por exemplo, chamou o petista de "vagabundo". "Temos um presidiário (Lula) ocupando espaço em rádio, jornais e televisão como possível candidato. Tem que estar preso e não concorrendo à eleição presidencial", declarou em 24 de agosto.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na terça-feira (2), Bolsonaro apareceu com 32% de intenções de voto em todo o país, mas pontuou 20% no Nordeste, região liderada pelo candidato do PT, Fernando Haddad, com 36%. Já na região Sul, onde tem seu melhor desempenho, Bolsonaro teve 44%. Haddad, por sua vez, registrou 14%.
Na menção a Lula, que está preso há quase seis meses, o candidato do PSL afirmou que o petista "tinha tudo para ser um grande presidente, mas resolveu enveredar por outro caminho", e "plantou o que ele colheu".
Bolsonaro disse ainda que "a grande surpresa positiva virá do Nordeste". Ele falou que tem aceitação maior do que o senador Aécio Neves (PSDB) quando disputou com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, "e isso está crescendo".
Em crítica a Haddad, ele disse que São Paulo é a cidade que tem mais nordestino do Brasil e pediu que os eleitores da região que têm parentes ou amigos na capital paulista liguem e perguntem sobre o período do petista como prefeito. "Foi tão mal em São Paulo que perdeu no primeiro turno para o [João] Doria (PSDB).
"O PT instituiu o maior esquema de corrupção do mundo. Você conseguir combater a fraude, dá para pagar mais o povo sofrido", acrescentou.
Pelo Facebook, à tarde, o candidato ao Palácio do Planalto publicou mensagem em que disse que desde o início da caminhada deu atenção especial ao Nordeste, "pelo potencial energético, obras inacabadas e grave crise na segurança".
"Ceará foi o primeiro estado que visitamos, além de vários outros da região. Em Israel pude ver no que nosso Nordeste pode se transformar", escreveu.
"Meu sogro é de Crateús, interior do estado do Ceará, minha filha de 7 anos tem sangue nordestino. Não há oportunismo, nós estamos do lado da verdade. Nós vamos vencer as mentiras do PT que colocaram o Nordeste e todo o país na lama depois de tanto roubar o povo brasileiro!", completou o presidenciável.
Antes de levar uma facada durante ato de campanha Juiz de Fora (MG) no último dia 6, Bolsonaro tinha viagens marcadas para Recife, Maceió e Salvador. Na semana final do primeiro turno, ele deveria voltar ao Nordeste e passaria pela Paraíba e Ceará. Por conta do ataque, ele passou 23 dias internado e ficou impedido de fazer atos de rua.
No fim da manhã, o deputado Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidenciável, disse que a primeira entrevista ocorreu como uma reação "a muitas mentiras e fake news que o Haddad está espalhando por lá".
"O Haddad também esteve nessa rádio, se eu não me engano, dizendo que ele iria acabar com o 13º, com o Bolsa Família... Então o pessoal da rádio entrou em contato e ele, obviamente, negou essa mentira descarada, mais uma tentativa totalmente aloprada por parte do Haddad de querer atacar Bolsonaro com mentira", afirmou o parlamentar, que é candidato ao Senado pelo Rio.
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