Haddad foge de cobrança de autocrítica sobre o PT e leva bronca de Marina
Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo
Candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad levou uma bronca de Marina Silva (Rede) ao evitar fazer uma autocrítica às gestões anteriores do partido. Os dois participam do debate da TV Globo com candidatos ao Planalto na noite desta quinta-feira (4), o último antes do primeiro turno da eleição.
No terceiro bloco do debate, Marina escolheu direcionar sua pergunta a Haddad, mas logo afirmou que faria o mesmo questionamento ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) –que, segundo ela, "mais uma vez amarelou" ao não comparecer ao encontro. No mesmo horário do debate realizado pela TV Globo, a Record, emissora concorrente, levou ao ar entrevista gravada com Bolsonaro, que alegou ter recomendações médicas para não participar do encontro entre presidenciáveis.
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Marina citou os altos índices de rejeição de Bolsonaro e de Haddad, que aparecem em primeiro e segundo lugar, respectivamente, nas pesquisas de intenção de voto, e têm mais de 40% de rejeição no Datafolha divulgado nesta quinta -- com possibilidade de disputar o segundo turno. "Diante dessa situação desoladora, qual a autocrítica que você faz em relação à contribuição do PT?", perguntou a Haddad.
"Eu estou em campanha há apenas 22 dias, entrei em uma situação completamente anormal", respondeu o candidato. Haddad, então, passou a defender a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a ser registrado como candidato do partido, mas teve o pedido negado pela Justiça Eleitoral.
"O líder, que figurava na dianteira e poderia ganhar no primeiro turno, não pôde participar em função de uma decisão arbitrária, e é considerado hoje pelo mundo inteiro um preso político", afirmou Haddad, que disse ainda representar um "projeto que deu certo".
Em sua réplica, Marina foi efusiva ao afirmar ser "lamentável" que Haddad não "reconheça nenhum dos erros", citando, por exemplo, casos de corrupção que vieram à tona em governos petistas.
"Você tem, agora, a oportunidade de olhar para o povo brasileiro, e você não faz. Você reitera todos os erros conhecidos e ainda faz elogios dos mesmos erros, como se reconhecer erro fosse problema", disse.
A candidata ainda defendeu que, em momentos de crise, é preciso pensar em um projeto de país, e não de governo.
Haddad, por sua vez, disse que Marina não estava sendo "correta" e "fiel à verdade". "Eu dou entrevistas reconhecendo erros", afirmou o candidato, que disse ainda não jogar "a criança com a água do banho". "Sei o que foram os doze anos de governo do PT", complementou Haddad. O PT, na verdade, esteve pouco mais de 13 anos seguidos no Palácio do Planalto.
O candidato, então, disse que sua vida pública não tem "nenhum reparo". Olhando diretamente para a câmera, afirmou: "Olhando no olho do eleitor, não tem nada na minha vida que não seja trabalho, promover o bem".
Além de Haddad e Marina, participam do debate Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB). Guilherme Boulos (PSOL) e Alvaro Dias (Podemos).
Também disputam a Presidência Cabo Daciolo (Patriota), Eymael (DC), João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia (PSTU).