Análise: "Marina Silva é vítima de si mesma e sai pulverizada da eleição"

Do UOL, em São Paulo

As estratégias adotadas por Marina Silva (Rede) nos últimos quatro anos ajudam a explicar o fraco resultado dela na corrida presidencial, na visão de Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Para ela, a candidata foi "vítima de si mesma" ao evitar se posicionar em momentos de crise no país.

"[Ela teve] Aquele efeito Copa do Mundo, que só aparece a cada quatro anos, e acho que nessa eleição mostrou-se cada vez mais evidente que o eleitor quer aquele candidato presente. Você não pode sumir quatro anos e praticamente não tomar partido em momentos importantíssimos para a história contemporânea do Brasil, como a gente passou nesse tempo", disse a socióloga.

Para Esther, a decisão de Marina em comparar Jair Bolsonaro (PSL) com Fernando Haddad (PT) pode ter sido determinante para afastar os votos que pudessem vir de eleitores identificados com a esquerda. "Ela teve muita retórica anti-petista no último debate. Para mim, ficou muito claro, acabou expulsando votos da esquerda, que migravam para um voto útil à esquerda e não se sentiram contemplados por esse discurso".

Josias de Souza, comentarista político do UOL, atentou para o fato de Marina Silva ter ficado o primeiro turno atrás de Cabo Daciolo (Patriotas).

"Ela está terminando o primeiro turno em uma posição que eu diria vexatória. A Marina Silva chega em uma posição de sub Cabo Daciolo. Ela está com 1 milhão de votos, 1% de votos atrás de Henrique Meirelles, com toda a marca do governo Temer, e atrás do cabo Daciolo", analisou.

"A Marina evidentemente saiu, para usar uma expressão delicada com ela, pulverizada dessa eleição", completou.