Após ponte com tucanos por Haddad, advogados farão manifesto por democracia
Nathan Lopes
Do UOL, em São Paulo
-
Bruno Poletti - 9.set.2015/Folhapress
Grupo de advogados tenta pedir o apoio de FHC à candidatura de Haddad
Um grupo de advogados lançará um manifesto em defesa da democracia no próximo dia 22, a seis dias do segundo turno, quando Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) disputarão nas urnas a preferência dos brasileiros. O grupo tem mantido conversas com lideranças do PSDB em busca do apoio à candidatura do petista.
Segundo integrantes consultados pela reportagem, o grupo é um "movimento de defesa da democracia, do Estado de Direito, contra a violência, contra o estado exceção". O objetivo não é fazer campanha para Haddad, mas elaborar o documento pró-democracia. "Vamos escrever um manifesto em defesa da democracia e que congregue todas essas pessoas", comentou um dos membros.
Reunindo criminalistas, constitucionalistas e até governadores, o grupo --criado há quatro anos-- já tem representantes em tratativas para conversas com nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador José Serra (PSDB). Eles deverão ser abordados pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo (PT).
No total, são 256 integrantes --o limite permitido para um grupo no WhatsApp--, com fila de espera para entrar. A última reunião presencial aconteceu na quarta-feira (10), em São Paulo, e reuniu mais de cem de seus membros. O próximo encontro está previsto para segunda-feira (15), no Rio de Janeiro.
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, será responsável por procurar membros da fundação do PSDB, o Instituto Teotônio Vilela, conduzida pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Os advogados já conseguiram, por exemplo, o apoio ao petista de uma das alas do PSDB, a "Esquerda pra Valer", que foi convencido pelo vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT), que tem contato com integrantes do grupo.
O grupo também foi um dos responsáveis por conseguir a neutralidade do DEM no segundo turno. Eles tiveram uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Acabou surtindo efeito", disse um representante do grupo ouvido pelo UOL. O presidente do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, por sua vez, declarou apoio individual a Bolsonaro.
Grupo vai criar um observatório
No primeiro turno, integrantes do conjunto afirmam ter votado em candidatos de todos os espectros políticos. Um segundo advogado afirma que o que une o grupo é uma preocupação: na opinião deles, Bolsonaro traria retrocessos e representaria um perigo.
Os advogados não esperam, entretanto, que todos os apoios sejam públicos. A recomendação é que quem não puder se manifestar, que o faça em seus círculos. A dificuldade em conseguir algumas manifestações públicas seria por embates políticos anteriores.
"É um grupo progressista, que reúne petistas, peessedebistas, gente de tudo quanto é coloração partidária. Tem gente mais ligada ao PSDB, ligada ao Amôedo [Novo]", disse um membro do conjunto que pediu para não ser identificado.
Nos próximos dias, eles devem criar um observatório para o debate de ideias contra violência. As sugestões serão encaminhadas a Haddad. "É um grupo amplo, mas quem tem preocupação com a democracia no país", disse um representante do coletivo.
Na última quarta (10), Haddad disse ter conversado com membros do PSDB, que teriam indicado apoio a ele sem, no entanto, falar em nomes.
Haddad se reúne com tucanos e diz ter carta de 'apoio e apreço'
Receba notícias do UOL. É grátis!
Veja também
- Militante pró-Bolsonaro se infiltra em ato por Haddad: Estou num país livre
- Presidente do MDB, Romero Jucá, declara neutralidade no 2º turno
-
- Bolsonaro agora quer dar 'cavalo de pau' e dizer defender pobre, diz Haddad
- TSE nega pedido de Haddad no 1º turno para obrigar TV a entrevistá-lo
- Em post, Bolsonaro relembra ausências de Lula e Dilma em debates
- Por Haddad, governador da BA defende buscar apoio em rivais históricos