Por voto bolsonarista, Doria atrai partido de Mourão, e França, de Eymael

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

  • Fábio Vieira/Fotorua/Estadão Conteúdo

    11.out.2018 - João Doria recebe apoio do PRTB a sua candidatura ao governo de SP

    11.out.2018 - João Doria recebe apoio do PRTB a sua candidatura ao governo de SP

Em busca de votos dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL), os candidatos ao governo de São Paulo João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) anunciaram nesta quinta-feira apoios de políticos alinhados com o presidenciável do PSL. O tucano fechou com o PRTB, partido do vice de Bolsonaro, general Antonio Hamilton Mourão, e o pessebista divulgou a aliança com DC, partido de Eymael, que teve o major Costa e Silva como candidato ao governo de São Paulo. 

O anúncio de Doria é mais um passo na estratégia para se aproximar do voto de quem apoiou o capitão reformado do Exército. No domingo (7), ele já havia anunciado voto ao candidato e, desde então, tenta convencer Bolsonaro a apoiá-lo formalmente. Ao anunciar a aliança com o tucano, o presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix, disse que Mourão deve subir no palanque do tucano durante o segundo turno.

A aliança foi confirmada um dia após o presidente do PSL em São Paulo e coordenador da campanha de Bolsonaro no estado, Major Olimpio (PSL), ter anunciado o apoio a Márcio França (PSB), oponente de Doria no segundo turno da eleição. Olimpio foi eleito senador pelo estado no último domingo, mas reiterou que o seu posicionamento é pessoal. Segundo o militar, a sigla deve optar pela neutralidade.

O ex-prefeito de São Paulo afirmou ter ligado para Bolsonaro na segunda-feira (8). "Uma conversa boa, produtiva e construtiva. Com alinhamento de funções", resumiu. Doria deixou em aberto uma possível visita ao candidato à Presidência, no Rio de Janeiro, e reafirmou que seu apoio não foi pensado numa possível moeda de troca, mas em um posicionamento contra o PT.

Levy Fidelix afirmou, no entanto, que um possível apoio oficial do PSL e de Bolsonaro "está sendo bem costurado". "Estamos com um plano de governo alinhado. Com liberalismo econômico. Não podemos apoiar a esquerda, que aqui está representada pelo Márcio França (PSB)", afirmou.

"Nós estamos bastante determinados nesta campanha. Fico feliz com as manifestações que temos recebido", afirmou Doria ao nomear correligionários que compareceram à cerimônia de anuncio oficial do PRTB à candidatura tucana. O ex-prefeito reforçou as declarações de apoio ao presidenciável mais votado do primeiro turno. "Bolsonaro será presidente do Brasil e precisa do apoio do maior estado", afirmou.

Rodrigo Tavares (PRTB), que ficou em quinto na disputa ao governo de São Paulo, com 649.729 votos (3,21% dos votos válidos), e que fez dobradinha com Doria no debate realizado pela TV Globo afirmou que a campanha tucana é "limpa, honesta e que, sobretudo, já se manifestou favoravelmente a Jair Bolsonaro".

Em relação ao apoio anunciado de Olimpio a Márcio França, Doria tratou de minimizar possíveis divergências. "Não tenho mágoas do Major Olimpio. Ele tem uma resiliência clara ao PSDB e ao Geraldo Alckmin e transfere um pouco isso para a minha candidatura", disse o ex-prefeito, que afirmou esperar apoio de integrantes do PSL nos próximos dias.

Candidato do PSB também reforça aliança

Adversário de Doria, França também conquistou políticos alinhados com Bolsonaro. Na manhã desta quinta, ele reforçou o rol de alianças com a adesão do major Costa e Silva à sua campanha. Filiado à Democracia Cristã, o candidato ficou em quinto lugar na disputa para o governo estadual, com 747.462 votos (3,69% dos votos válidos).

Ontem, o terceiro colocado na disputa, com 21,09%, (4.269.865 votos), o empresário Paulo Skaf (MDB), anunciara apoio ao candidato à reeleição com um discurso crítico a Doria. "Se alguém tem dúvida sobre o caráter do Doria, é só perguntar para o Alckmin", ironizou o emedebista, ao lado de França, durante a primeira agenda conjunta deles, na cidade de Suzano, na Grande São Paulo.

Para a próxima semana, França aguarda a adesão também do candidato derrotado Marcelo Cândido (PDT), com uma manifestação do terceiro lugar na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT), a seu favor.

Alckmin "se apequenou", diz Levy Fidelix 
Marcelo Chello/CJPress/Folhapress

Presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix recebeu 32.113 votos para deputado federal e não conseguiu se eleger. Questionado sobre o apoio ao PSDB, em São Paulo, uma vez que Alckmin subiu o tom contra Bolsonaro, Levy criticou o presidente nacional tucano.

"O Alckmin se apequenou. Foi muito ácido durante a campanha. Não precisava", disse no fim do evento de apoio a Doria. A declaração ocorreu no período em que Alckmin e Doria estão em atrito, depois que o ex-prefeito declarou voto "em solidariedade" ao ex-governador e depois de Alckmin ter sugerido que Doria é "traidor" em reunião do PSDB.

Levy afirmou que o general Mourão, do PRTB, tem sido criticado de forma exagerada pela imprensa, que, segundo ele, retirou trechos de seus discursos, fora de contexto. "Ele tem suas posições e aquilo no que acredita. Uma campanha não tem que ter sintonia de uma orquestra", afirmou.

Mourão criticou, na reta final do primeiro turno, direitos trabalhistas, mães que educam seus filhos sozinhas e afirmou que seu neto era bonito por ser branco. "Na verdade, ele é um homem considerado pelo mercado. Quem fez o dólar baixar foi Mourão e Paulo Guedes. Eles acalmam o mercado", disse.

Levy disse, ainda, que tem um acordo com Bolsonaro: em 2022, o capitão reformado do Exército vai apoiá-lo como candidato a presidente. "Em 2022, sou eu. Ele não vai mais poder se reeleger e vai me apoiar. É o sonho da minha vida", disse.

Questionado sobre qual será sua principal proposta daqui quatro anos, Fidelix foi claro: "o aerotrem, claro! Uma proposta revolucionária."

* Colaborou Janaina Garcia, em São Paulo

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos