Haddad cita encontro com Joaquim Barbosa e diz querer "melhores quadros"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo*

  • Renato Costa - 19.abr.2018/Framephoto/Estadão Conteúdo

    Joaquim Barbosa em evento do PSB em abril

    Joaquim Barbosa em evento do PSB em abril

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, citou um encontro com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa ao dizer que quer "os melhores quadros e as melhores propostas" para melhorar o combate à corrupção no Brasil caso seja eleito. No segundo turno, o petista disputa a corrida eleitoral contra Jair Bolsonaro (PSL).

Haddad fez menção à reunião, ocorrida ontem em Brasília, durante entrevista concedida na noite desta quinta-feira (11) à rádio CBN. O petista havia sido questionado sobre como atrair o eleitorado que refuta o PT devido ao envolvimento de integrantes do partido em casos de corrupção.

O candidato respondeu dizendo que a falência do sistema de financiamento de campanhas eleitorais não foi "uma questão do PT". Acrescentou que "o sistema político, como um todo, teve pessoas que erraram", e nomeou políticos do PSDB presos recentemente. Segundo Haddad, as prisões se deveram a casos de caixa 2 ou de enriquecimento pessoal ilícito.

"Isso é muito grave, por isso que eu digo: Lava Jato continua, apoio à Polícia Federal continua, apoio ao Ministério Público continua, ao Poder Judiciário continua. Eu não fui visitar o Joaquim Barbosa por outra razão. Eu quero escolher os melhores quadros e as melhores propostas para aprimorar o combate à corrupção no Brasil", afirmou o petista.

Nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Joaquim Barbosa foi o presidente do STF durante o julgamento do mensalão, em que petistas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino foram condenados. Ele chegou a cogitar uma candidatura à Presidência pelo PSB neste ano, mas desistiu. O partido ficou neutro no primeiro turno da eleição presidencial e apoia Haddad no segundo turno.

Em trecho anterior da entrevista à CBN, quando questionado se ofereceria um ministério a Barbosa, Haddad disse que o ex-presidente do Supremo tomou a decisão de deixar o serviço público, mas "pode contribuir com a democracia em um momento decisivo da vida nacional".

"Ele deixou claro para mim que pretende se manter reservado, na vida privada, mas que quer ajudar o Brasil. Então, ele vai ver como ajudar. Há muitas formas de ajudar o Brasil, não necessariamente participando da vida pública. Mas ele é uma figura que, na minha opinião, expressa um desejo de renovação na política", afirmou o candidato do PT.

Ainda à CBN, Haddad foi questionado se seu ministro da Fazenda teria um perfil semelhante ao do mineiro Josué Gomes, filho do vice-presidente nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Alencar. O candidato petista elogiou o empresário e disse que ele "tem todas as condições, perfil e sensibilidade social" para assumir o cargo, mas evitou dizer quem seria o seu escolhido.

Reforma da Previdência em etapas

As TVs Band e RedeTV! também exibiram entrevistas com Haddad nesta quinta. Ao "Jornal da Band", ele voltou a se manifestar contra a proposta de reforma da Previdência do governo de Michel Temer (MDB), que segundo ele deixa "o trabalhador rural em apuros" e tira direitos, mas afirmou que "a previdência pública, em alguns estados e municípios, quebrou."

Segundo o candidato do PT, não haverá alterações no regime geral da Previdência no primeiro ano de um eventual governo seu.

"No regime próprio, nós vamos abrir uma mesa de negociação, porque nós vamos demonstrar para os trabalhadores do serviço público que alguns estados quebraram. E que nós vamos ter que fazer a reforma para que todo mundo volte a receber em dia", disse.

De acordo com Haddad, um passo seguinte seria "aproximar" as Previdências pública e privada em um regime só. Segundo o petista, neste momento haveria o debate sobre as "variáveis do modelo", como a idade mínima para aposentadoria.

Regulação econômica da mídia

Haddad também apresentou, na Band e na RedeTV!, sua  proposta para a regulação econômica das empresas de mídia. Segundo ele, uma mesma família não deveria poder ser dona de emissoras de rádio e de televisão de maior audiência, e dos jornais de maior circulação nos estados, porque isso impediria o cidadão de se informar de maneira mais plural.

"No mundo desenvolvido isso é absolutamente proibido. [Se eu for presidente] isso vai ser impedido por lei. Isso vai significar mais pluralidade", disse à RedeTV!.

Na Band, Haddad disse que a dispersão da propriedade das empresas de mídia ocorreria no momento da renovação das concessões dadas pelo governo para as emissoras de rádio e TV.

"Nos estados onde isso acontece, uma família é dona de tudo, nós vamos, no momento da renovação da concessão, dizer: olha, essa família não vai poder participar desse leilão, porque ela já tem muito poder nesse estado. Outras famílias, outros grupos econômicos têm que entrar. Então você democratiza o acesso à informação", afirmou.

Haddad afirmou ainda, na RedeTV!, que um eventual governo dele vai trabalhar para garantir que "agências internacionais" possam continuar publicando conteúdo jornalístico no Brasil. 

Em 2016, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) entrou no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação de inconstitucionalidade para que as regras sobre capital estrangeiro em empresas de comunicação sejam aplicadas também aos portais de notícias na internet – entrariam nesse rol publicações como o El País, The Intercept, BBC Brasil e Deutsche Welle Brasil, entre outras.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (10), Haddad tem 36% das intenções de voto, contra 49% de Jair Bolsonaro (PSL). A mesma pesquisa mostra Bolsonaro com 58% dos votos válidos, contra 42% para Haddad. A contagem de votos válidos exclui brancos e nulos, como faz a Justiça Eleitoral no dia da eleição.

* Colaborou Mirthyani Bezerra

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