França reforça discurso de "Doria traidor" e diz que viu Alckmin chorar

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

FRANÇA DIZ QUE VIU ALCKMIN CHORAR POR DORIA

O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), reforçou nesta segunda-feira (15) o discurso de que seu adversário no segundo turno, João Doria (PSDB), teria traído seu padrinho político, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

"Eu vi o Geraldo Alckmin chorar, eu não me conformo com isso", disse França, durante entrevista ao SP2, da TV Globo. Para o candidato à reeleição, que recusou ser herdeiro político de Alckmin –de quem fora vice de 2015 até abril deste ano --, Doria "tentou o tempo todo dar uma rasteira em Alckmin. Isso não é didático", reforçou.

Quarto colocado na disputa presidencial, Alckmin foi o principal fiador político de Doria na disputa à Prefeitura de São Paulo, em 2016, para a qual se elegeu em primeiro turno.

Já no primeiro ano de governo, porém, o prefeito teria tentado se viabilizar candidato à Presidência – o que não aconteceu. Com poucas agendas conjuntas, a fissura na relação entre Doria e Alckmin ficou mais exposta no domingo do primeiro turno, quando o ex-prefeito disse ter votado em Alckmin por solidariedade.

Na reunião da executiva nacional –presidida por Alckmin – na última terça-feira (9), no entanto, Doria foi chamado pelo ex-governador de "temerista" (em alusão a Michel Temer, de quem Doria fora aliado) e ainda sugeriu que o ex-prefeito de São Paulo seria um "traidor".

"Não é normal fazer isso com as pessoas", definiu França, sobre a conduta de Doria em relação a Alckmin. "Ele [Doria] não construiu relações verdadeiras (...), não tem um único amigo de três, cinco anos [de duração]", definiu.

Governador diz não rejeitar apoio do PT

Na semana passada, França anunciou posição de neutralidade na disputa nacional entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), ainda que, nacionalmente, o PSB tenha declarado apoio ao petista.

Indagado sobre o assunto, o candidato voltou a enfatizar que foi oposição ao PT durante sua gestão como prefeito em São Vicente (Baixada Santista), mas negou que rejeite os votos petistas. Uma postura diferente de Doria, que constantemente ataca o PT em seus discursos e tenta atrair os votos dos antipetistas.

"Meu partido e eu sempre tivemos grandes divergências, mas consegui a neutralidade porque sou insistente. Sempre tive o PT como oposição, e sempre tivemos essa discussão interna no partido", disse França, negando, por outro lado, rejeitar os pouco mais de 2,5 milhões de votos (12,66% do total) obtidos pelo PT na sucessão estadual com a candidatura de Luiz Marinho. No dia do primeiro turno, após o resultado final, Marinho chegou a dizer ser "um alívio" França ter ido ao segundo turno, em vez de Paulo Skaf.

"Não [rejeito o apoio petista], quero apoio de todo mundo", declarou. "Não podemos ser inimigos de quem é nosso adversário; não criei inimizades", justificou.

Na semana passada, ao receber o apoio do terceiro colocado no primeiro turno, Paulo Skaf (MDB) –França o ultrapassou por menos de 100 mil votos --, o governador admitiu que a principal condição colocada pelo emedebista para acertar a adesão seria que ele não declarasse apoio a Haddad no plano nacional.

Tanto Skaf quanto a vice de França, a coronel da Polícia Militar Eliane Nikoluk (PR), declararam voto em Bolsonaro. O coordenador de campanha do candidato do PSL em São Paulo, o senador eleito Major Olímpio (PSL), por sua vez, declarou voto em França.

Elogios a Skaf e defesa de Garotinho

Questionado sobre apoios, França defendeu Skaf, ainda que o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) tenha aparecido em delações da Odebrecht na operação Lava Jato, e o ex-governador Anthony Garotinho, réu em processos por corrupção, no Rio, cuja campanha à Presidência coordenou em 2002.

"Ele [Skaf] é um homem honrado, uma pessoa do bem. Cumpriu sua jornada que é participar. Vamos conseguir juntar a concepção de Sesi-Senai ao nosso programa", resumiu. Sobre Garotinho, definiu: "Eu não acuso as pessoas sem provas – ele era candidato a presidente do meu partido quando todo mundo [no PSB] decidiu apoiá-lo", respondeu.

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