Gleisi diz que PT não pode se desculpar por chegar ao 2º turno

Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo

  • DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

    15.out.2018 - Representantes de PSOL, PCdoB, PSB, PT e Pros, entre eles a senadora Gleisi Hoffmann (PT), participam de reunião em Brasília

    15.out.2018 - Representantes de PSOL, PCdoB, PSB, PT e Pros, entre eles a senadora Gleisi Hoffmann (PT), participam de reunião em Brasília

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta segunda-feira (15) que a candidatura do petista Fernando Haddad à Presidência da República virou suprapartidária e contra o "neofascismo". Ela destacou, no entanto, que o Partido dos Trabalhadores não pode se desculpar por chegar ao segundo turno da corrida ao Planalto.

Nesta segunda, a senadora, que se elegeu deputada federal no último dia 7, participou de reunião de partidos alinhados à esquerda em Brasília nesta tarde. Estiveram na reunião representantes do PT, PSB, PCdoB, Pros, Psol e PCB. Entre os presentes estiveram Carlos Siqueira (PSB), Carlos Zarattini (PT), Lindbergh Farias (PT), Luciana Santos (PCdoB), Vanessa Grazziotin (PCdoB), Eurípedes Junior (Pros), Juliano Medeiros (Psol) e Golbery Lessa (PCB).

"Nós não estamos tratando de uma candidatura de um partido político agora. Estamos tratando de uma candidatura que faz frente a um movimento que é neofascista no Brasil. Ou a gente tem essa consciência, ou o Brasil vai ser entregue às forças mais retrógradas da política", declarou Gleisi.

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Questionada se é possível que se forme uma candidatura suprapartidária, a senadora disse que sim, mas afirmou que o PT não tem culpa de estar no segundo turno. O partido tem sido atacado por forças políticas de outras legendas que questionam se o antipetismo de grande parte da sociedade não será crucial para uma eventual derrota de Haddad contra Jair Bolsonaro (PSL), seu adversário no segundo turno.

"Acho que é possível [uma candidatura suprapartidária] diante do quadro que estamos vivendo. Veja, não dá para o PT pedir desculpas porque venceu o segundo turno (sic). Nós temos uma base social. O PT tem 30% dos votos desse país. Isso é muito significativo. É uma força social. Podem ter críticas ao PT. É natural que tenha. É uma organização humana com todas as nossas falhas e com todos os avanços que tivemos. Agora, não dá para pedir que o PT peça desculpas nem acusar o PT de ter ido para o segundo turno", complementou a presidente do partido.

Na avaliação de Gleisi, a passagem de Bolsonaro para o segundo turno só aconteceu devido a uma "máquina de mentiras" no "submundo da rede social" que induziu o eleitorado a votar nele como salvador da pátria. 

Ela disse que o PT está disposto a discutir a incorporação de propostas de programas de governo de outras siglas. Um exemplo, citou, foi desistir de propor uma nova Constituinte no país.

Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira mostra Bolsonaro com 59% dos votos válidos, contra 41% de Haddad. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Além de buscar mais partidos, inclusive de centro-direita, Gleisi afirmou que entre outras ações a serem postas em prática, estão convidar artistas, personalidades, movimentos sociais e líderes religiosos para declararem apoio a Haddad e articular forças no Congresso Nacional.

Questionada se é possível reverter os resultados das pesquisas de intenção de voto e vencer a eleição, Gleisi disse que sim e lembrou outras ocasiões. "Se não desse, não nos colocaríamos aqui."

O líder da oposição na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), minimizou o fato de Haddad continuar atrás nas pesquisas e afirmou que os números devem ser comemorados pelo PT. Isso porque, para ele, mostram que a "onda conservadora estancou".

"A pesquisa, ao contrário, é positiva, porque a expectativa deles [aliados de Bolsonaro] era de que iam chegar rapidamente a 65%, a 70%", falou.

Questionado sobre a fala de Gleisi de que o PT não pode pedir desculpas e se isso não pode atrapalhar alianças, Guimarães respondeu que "qualquer candidato que estivesse no segundo turno, sem ser do PT, nós estaríamos de corpo e alma". Em seguida, citou Guilheme Boulos (Psol), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) como exemplos. Indagado sobre um hipotético apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), desconversou e disse que seria "uma outra realidade". 

"O Alckmin representa a continuidade do governo Temer. Mas nem por isso deixamos de dialogar com setores do PSDB", falou.

Grupo defende a democracia; PDT não participa

Os partidos que participaram da reunião desta segunda buscam formar uma espécie de coalizão para alavancar a candidatura de Fernando Haddad. De acordo com integrantes da iniciativa, a frente é "democrática" e de "luta contra o fascismo".

Ao final do encontro, o grupo soltou uma nota em que afirma a exigência de uma "resposta firme" dos que defendem a "democracia, a liberdade, a soberania nacional, os direitos do povo e a justiça social".

Para eles, "as sementes do ódio e da violência, plantadas nos últimos anos pelas forças reacionárias e pelos donos das grandes fortunas, deram vida a uma candidatura que é o oposto desses valores; que rompe o pacto democrático da Constituição de 1988 e lança sobre o país a sombra do fascismo".

Nenhum representante do PDT compareceu ao encontro. Na semana passada, o partido, cujo candidato ao Planalto, Ciro Gomes, ficou em terceiro lugar, anunciou que faria um "apoio crítico" a Haddad. O petista esperava que o colega se posicionasse oficialmente a favor de sua campanha, mas o pedetista frustrou os planos ao preferir viajar ao exterior com a família e só retornar próximo a 28 de outubro, data de votação do segundo turno.

A justificativa dada pelos presentes pela ausência do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, é de que ele estava em São Paulo para o anúncio do apoio do PDT ao candidato ao governo do estado Márcio França. Este enfrenta João Doria (PSDB) no segundo turno do pleito.

O presidente do Psol, Juliano Medeiros, ressaltou não ter apoiado Haddad no primeiro turno, lançando Boulos à Presidência, mas agora fazê-lo "diante dos riscos que a candidatura de Bolsonaro impõe".

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa está "conosco" e é contrário à candidatura de Jair Bolsonaro. Porém, falou não saber o quanto Barbosa está disposto a apoiar Haddad. Siqueira, Haddad e Barbosa se reuniram em Brasília na semana passada.

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