Haddad: Virar será difícil, mas menos do que "aguentar" governo Bolsonaro

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

  • Marlene Bergamo/Folhapress

    13.out.2018 - Haddad (PT) se encontra com professores na APEOESP, no dia do professor, em São Paulo

    13.out.2018 - Haddad (PT) se encontra com professores na APEOESP, no dia do professor, em São Paulo

Ao comentar a pesquisa Ibope divulgada na noite desta segunda-feira (15), o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) afirmou que virar os números de intenção de votos apontados pelo levantamento vai ser uma "tarefa difícil", mas menos do que "aguentar" um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL).

"Temos um desafio de tirar nove pontos dele e passar para a gente. É uma tarefa difícil, mas vai ser muito mais difícil aguentar o governo desse cara", discursou Haddad, enquanto a plateia gritava "vai virar".

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Ibope desta segunda mostrou Bolsonaro com 59% dos votos válidos, contra 41% de Haddad. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Para Haddad, é "mais fácil trabalhar muito" nos próximos 14 dias, a reta final até a data do segundo turno, marcado para 28 de outubro, do que "ter que suportar o peso da botina" sobre as pessoas que não concordam com os pensamentos de Bolsonaro.

O petista participou nesta segunda (15), dia do professor, de um ato em homenagem aos docentes na sede da Apeoesp, sindicato da categoria, em São Paulo. Ele respondeu a perguntas de professores sobre suas propostas para a educação no país.

Ao se apresentar aos presentes, Haddad ressaltou seus anos à frente do MEC (Ministério da Educação) e lembrou que tanto ele como sua mulher, Ana Estela, são professores universitários. Haddad também acenou para movimentos sindicais e de pais e mães, que, segundo ele, o ajudaram a implementar uma agenda no ministério.

O petista ainda criticou Jair Bolsonaro e disse "lamentar" que seu adversário não esteja comparecendo aos debates.

"Eu lamento que hoje eu não esteja debatendo com meu adversário. Estava marcado um debate. Consigo entender as razões por que ele não debate: porque a campanha dele está baseada apenas em mentiras que ele divulga no WhatsApp. Se você desativar o WhatsApp por cinco dias, o Bolsonaro desaparece", afirmou, arrancando risadas dos presentes.

A ex-presidente da Apeoesp, professora Maria Izabel Noronha, deputada estadual eleita pelo PT, chamou a candidatura de Bolsonaro de "mentirosa" por acusar os docentes de usarem o suposto "kit gay".

"A gente não pode perder a razão. Mas a gente não pode usar muitos eufemismos para dizer o que a outra candidatura representa para nós. A outra candidatura é uma candidatura mentirosa", disse. "Eu desafio ao candidato dessa propositura, que anda falando esse tipo de coisa... Aqui tem professores. Desafio fazer a pergunta: vocês receberam kit gay?", perguntou, ao que os presentes negaram, em uníssono.

Diferentemente de outras agendas de campanha, Haddad pareceu muito confortável durante todo o encontro com os professores. Quando a plateia puxou um coro de "Ele Não", em referência a Bolsonaro, Haddad riu e repetiu.

Em outro momento, quando um dos presentes afirmou que o Nordeste "segurou" a chegada da campanha petista ao segundo turno, Haddad prontamente respondeu: "Viva o Nordeste!".

Ensino médio, teto de gastos e ensino a distância

No encontro com os professores, Haddad prometeu revogar a reforma do ensino médio e a proposta de emenda constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20 anos. 

"É impossível cumprir qualquer plano de governo sem a revogação da emenda constitucional 95", afirmou Haddad. Lembrando que a emenda foi aprovada no governo de Michel Temer (MDB), Haddad afirmou que o emedebista o fez "com apoio do Bolsonaro". O deputado federal foi um dos 366 parlamentares que votaram a favor da medida, contra 111 que votaram contra.

Haddad também criticou uma proposta de Bolsonaro a favor da implementação da educação a distância até mesmo para o ensino fundamental. O petista defendeu a presença do professor em sala com o aluno e disse que os estudantes podem ter outros prejuízos, como a falta de socialização e até mesmo de alimentação, já que há crianças que dependem da merenda escolar para comer.

Haddad também ironizou a proposta do adversário, dizendo que assim "seria fácil resolver a falta de vaga em creche". "Quem sabe ele pensa em uma creche a distância", afirmou. 

Ao fim do evento, o petista foi cumprimentado por Nita Freire, mulher do educador Paulo Freire. A professora também não hesitou em criticar propostas de Bolsonaro, que em seu plano de governo fala em "expurgar" a ideologia de Paulo Freire, e afirmou que o ensino da educação moral e cívica nas escolas, como defende o pesselista, "atrofia o pensar".

O petista, então, entregou flores à professora, que comentou algo inaudível em resposta. Logo, Haddad afirmou: "Não vamos entregar nada, não. Vamos ganhar!".

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