Haddad busca animar militância por virada e diz: Bolsonaro vai "esfarelar"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • NELSON ALMEIDA / AFP

    16.out.2018 - Fernando Haddad (PT), candidato à Presidência, discursa durante encontro com membros de sindicatos e movimentos populares

    16.out.2018 - Fernando Haddad (PT), candidato à Presidência, discursa durante encontro com membros de sindicatos e movimentos populares

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, discursou nesta terça-feira (16) em São Paulo para integrantes de sindicatos e movimentos populares com o intuito de animar a militância e convencê-la de que uma virada histórica no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL) é possível. O petista chegou a dizer que o adversário é um "balão de ar" e que vai "esfarelar".

As duas primeiras pesquisas de intenção de voto feitas por Ibope e Datafolha apontaram ampla vantagem de Bolsonaro, e nunca um candidato que acabou o primeiro turno de uma eleição presidencial em segundo lugar conseguiu vencer na etapa final da disputa.

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Sem citar os resultados das pesquisas, Haddad convocou seus apoiadores a não "mudar de humor" por causa dos números. O candidato disse que foi eleito prefeito de São Paulo em 2012 sem liderar uma só pesquisa, e que o mesmo aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff no segundo turno pela Presidência em 2014.

"Eu me tornei prefeito de São Paulo, a capital do 'tucanistão', sem liderar uma única pesquisa", afirmou, em alusão ao domínio do PSDB na política paulista.

Haddad também procurou mostrar que, apesar de o segundo turno estar marcado para o dia 28, há tempo para reagir, dizendo que "esses dez dias são uma eternidade".

"O que nos separa da vitória são oito ou nove pontos", afirmou.

O candidato renovou os ataques a Bolsonaro, chamando-o de "balão de ar" protegido pela "armadura dos bancos".

"O projeto econômico do Bolsonaro é exatamente o do Temer, piorado", disse.

O petista também criticou a "elite brasileira", que segundo ele buscava um político como o atual presidente francês, Emmanuel Macron, e resolveu apoiar Bolsonaro. O candidato do PSL lidera as pesquisas de intenção de voto nos segmentos de maior renda e escolaridade. "Seria uma piada se não fosse tão ameaçador", disse ele.

Haddad disse ainda que discutiria apoiar qualquer candidato contra Bolsonaro se não fosse para o segundo turno. "Nós todos estaríamos aqui talvez com uma certa dor, mas eu acho que estaríamos discutindo a sério, se não tivéssemos ido para o segundo turno, apoiar qualquer candidato contra Bolsonaro diante do que ele representa", disse.

O presidenciável voltou a atacar Bolsonaro por não participar de debates, o que fez a militância gritar "fujão", e aproveitou para criticar uma das principais bandeiras do adversário, a flexibilização do uso de armas.

"Se tem uma coisa que esses valentões são, é covardes. Eles não aguentam olho no olho. Eles não têm argumento. Querem andar armados justamente pela covardia."

No encerramento do discurso, Haddad disse que aguardava a militância no dia 28 "para comemorar na [Avenida] Paulista" e estendeu uma bandeira do Brasil ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de Guilherme Boulos, que disputou a Presidência pelo PSOL e apoia Haddad. Um dos principais bordões de Bolsonaro e de apoiadores é o de que a bandeira brasileira "jamais será vermelha", a cor do PT.

Ao fim do evento, enquanto Haddad deixava o local do discurso, militantes cantavam uma música cuja letra começava com a frase "Vai virar essa maré".

Além de estar atrás nas pesquisas, Haddad tem enfrentado dificuldades de ampliar alianças no meio político. Apesar de alguns nomes já terem anunciado que não votarão em Bolsonaro, o PT ainda aguarda uma declaração aberta de apoio de nomes como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e até mesmo de integrantes do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A campanha planeja para os próximos dias uma série de eventos em que grupos da sociedade civil devem declarar apoio a Haddad, como pastores evangélicos, juristas, cientistas e artistas.

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