"Já mandamos o recado para todo mundo", diz Wagner sobre apoio a Haddad

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Renato S. Cerqueira -16.out.2018 /Folhapress

    Jaques Wagner participa de entrevista coletiva em hotel de São Paulo

    Jaques Wagner participa de entrevista coletiva em hotel de São Paulo

O senador eleito Jaques Wagner (PT-BA), que integra a equipe da campanha presidencial de Fernando Haddad (PT), minimizou nesta terça-feira (16) a responsabilidade da candidatura na ampliação de apoios para o segundo turno e sinalizou que o PT aguarda a manifestação de possíveis aliados.

"Nós já mandamos o recado para todo mundo. Fica na consciência de cada partido, de cada pessoa", respondeu Wagner quando perguntado se o PT não deveria fazer um esforço para que políticos que se opõem a Jair Bolsonaro (PSL) declarem voto em Haddad.

O senador eleito se disse satisfeito com o fato de outros políticos afirmarem que não votarão em Bolsonaro.

"Acho que é isso que é fundamental", declarou. "Se eles derem a declaração [de apoio], seria melhor. Mas se não derem a declaração e já disserem que não votam no Bolsonaro, na minha opinião já demarcaram um campo."

Wagner também negou a construção de uma "frente democrática" em torno da candidatura de Haddad, ideia que vinha sendo defendida pelo candidato e por aliados desde o fim do primeiro turno. A campanha tem insistido em apresentar o candidato como o representante da democracia contra um adversário que seria autoritário.

"A gente conversa com todo mundo, mas não tem ideia de frente", disse.

Haddad está enfrentando dificuldades na obtenção de apoios públicos a sua candidatura. O caso mais notável é o de Ciro Gomes e de seu partido, o PDT, que pertence ao mesmo campo político da centro-esquerda.

O PDT anunciou "apoio crítico" a Haddad no segundo turno, e Ciro até agora não declarou voto no petista -- viajou para a Europa e deve retornar nos próximos dias.

Ontem à noite, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro, provocou uma saia justa ao cobrar um pedido de desculpas do PT em pleno evento de campanha de Haddad. O presidenciável não estava presente. Hoje, não quis botar mais lenha na fogueira e disse ser amigo de Cid.

À Folha, o presidente do PDT, Carlos Lupi, admitiu que o desabafo de Cid reflete um "sentimento majoritário" no partido.

Além do PDT, Haddad também tem buscado apoio de políticos do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O candidato também se reuniu recentemente com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. Haddad negou ter feito convites a interlocutores para que integrem um eventual governo.

"Eu tenho feito sondagens a pessoas que eu respeito, independentemente de partido político. Convite, eu ainda não fiz nenhum", disse. "Quero fazer um governo o mais amplo possível. O Brasil precisa disso."

Haddad diz esperar apoio "explícito" de Cid

Em entrevista a rádios do Piauí nesta tarde, Haddad contrariou a declaração de Wagner e negou que a construção de uma "frente ampla" em torno de sua candidatura tenha falhado. Ele também disse esperar, até o próximo domingo (21), uma declaração "explícita" de apoio da parte de Cid, sem dar maiores detalhes.

Mais cedo, Cid publicou, em suas redes sociais, uma mensagem dizendo que Haddad é o "menos ruim" para o Brasil e que "seria melhor que ele ganhasse".

"Acredito que até semana que vem vamos ter o Cid dando uma declaração explícita de apoio a minha candidatura, porque ele sabe o risco que o país está correndo se alguém da classe do Jair Bolsonaro for eleito presidente", afirmou o candidato.

Ao ser questionado sobre o apoio "crítico" declarado pelo PDT de Ciro Gomes, o petista disse esperar "responsabilidade" do pedetista.

"Eu quero crer que esses grandes brasileiros que você citou assumam a responsabilidade de evitar o pior para o Brasil", disse.

Ao longo da entrevista, Haddad elogiou o modelo de policlínicas adotado por Camilo Santana, governador reeleito no Ceará, e disse que irá "espalhar" esse sistema para todo o país.
Haddad também lembrou dos governadores reeleitos em primeiro turno no Nordeste, como Wellington Dias (PT-PI) e Flávio Dino (PCdoB-MA).

O petista ainda disse acreditar que, caso seja eleito, não terá dificuldades para aprovar no Congresso Nacional as reformas que propõe. Entre os deputados federais eleitos neste primeiro turno, as duas maiores bancadas são do PT e do PSL, partido de Bolsonaro. No entanto, nenhuma das duas, sozinha, constitui a maioria necessária para aprovar projetos em votação.

"Nossa prioridade vai ser economia, geração de emprego e oportunidades, e educação. Ou seja, não há conflito entre o que eu penso e a maioria pensa sobre esses dois temas", disse.

"Geração de emprego e educação vão ser bem recebidas pelo Congresso sendo de direita ou esquerda. Esse é meu ponto de vista: não vamos ter dificuldade em aprovar reformas no Congresso", afirmou.

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