Jovens são detidos em Campinas (SP) ao fazer campanha para Haddad

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

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    Entrada do Terminal Central de Campinas

    Entrada do Terminal Central de Campinas

Dois jovens foram detidos por guardas municipais e levados para a sede da Polícia Federal em Campinas, no interior de São Paulo, nesta terça-feira (16) durante panfletagem a favor da campanha do candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad.

Marcela Carbone, 26, e João Buzalski, 23, estavam em um ponto tradicional de panfletagem do lado de fora do Terminal Central da cidade quando, por volta das 10h30, foram abordados por um guarda municipal que, citando legislação eleitoral, disse que eles não poderiam panfletar no local. O artigo 37 da Lei nº 9504/1997 proíbe "a veiculação de propaganda de qualquer natureza" em lugares "cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público".

Houve discussão entre os jovens e o guarda. Eles relatam que o agente público teria afirmado que "a ditadura militar voltou, graças a Deus" durante a abordagem.

Segundo a nota divulgada pelo Caeco -IE/Unicamp (Centro Acadêmico do Instituto de Economia da Unicamp), os jovens afirmaram ao guarda terem conhecimento da legislação eleitoral e que, por isso, estavam do portão para fora, por entenderem que o portão seria uma demarcação física do limite do terminal.

"Os estudantes estavam em uma área que não condiz com os termos previstos nessa suposta lei. É um ponto tradicional de panfletagem. Sendo assim, houve um claro abuso de autoridade", diz a nota do centro acadêmico divulgada nas redes sociais. 

Robson B. Sampaio/Divulgação
Em 2012, o então candidato à Prefeitura de Campinas, Marcio Pochmann (PT), panfletou na entrada do terminal

O guarda teria insistido que a área em que Marcela e João estavam também pertencia ao terminal e eles teriam questionado "onde estava escrito que aquela área era do terminal". "O guarda se sentiu ofendido com o questionamento e se exaltou, acuou e constrangeu os estudantes. Apreendeu seus materiais de panfletagem e chegou a dizer que eles não poderiam falar", diz o texto.

A nota conta ainda que os jovens afirmaram que atitude do guarda era "autoritária" e que se assimilava a uma volta da ditadura militar, e o guarda teria respondido: "Sim, a ditadura militar voltou, graças a Deus".

Também por meio de nota, a Guarda Municipal de Campinas informou à reportagem que os jovens distribuíam propaganda política no Terminal Central e que a prática é proibida por legislação eleitoral. O documento informa ainda que a guarda orientou que os estudantes saíssem do local.

"Segundo a Secretaria Municipal de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, as pessoas se recusaram e passaram a insultar os guardas. Por descumprirem a ordem de saída e por ameaçarem os guardas, foram detidos e encaminhados à Polícia Federal para registro da ocorrência", diz a nota.

Após prestarem depoimento os jovens foram liberados da sede da PF no início da noite.

O centro acadêmico, que faz campanha contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, reiterou sua preocupação com "os rumos que a democracia brasileira vem tomando". "O que é inaceitável, todavia, é o uso da máquina pública em prol de determinados interesses, sejam eles de qualquer natureza", completa.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal em Campinas foi procurada, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

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