Intelectuais pedem que Haddad proponha governo de coalizão com adversários

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Renato S. Cerqueira/ Futura Press/Estadão Conteúdo

    Fernando Haddad durante encontro com juristas São Paulo (SP)

    Fernando Haddad durante encontro com juristas São Paulo (SP)

Um grupo de intelectuais brasileiros entregou nesta quinta-feira (18) em São Paulo ao candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, uma carta em que pedem ao petista que proponha um governo de coalizão, inclusive com a participação de adversários no primeiro turno, para derrotar Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições.

Na carta, os intelectuais dizem que Haddad é a "esperança da sociedade brasileira na democracia" e deve "propor agora um governo de coalizão" para vencer Bolsonaro, tratado como autor de "gestos desabridos que visam estimular as agressões contra ativistas, mulheres, gays e negros".

O grupo cita nominalmente Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) como candidatos que "expressaram na campanha convicções democráticas, apesar de diferenças muito significativas entre si".

"Por isso, devem ser explicitamente convidados, não só para integrar a urgente coligação eleitoral, mas para compor o Executivo Federal, de modo a fazer de Haddad o candidato de uma verdadeira frente de salvação nacional", dizem os intelectuais.

O grupo também faz um alerta à responsabilidade de todos os citados pelo que classifica como "catástrofe que se anuncia", e afirma que "a história vai cobrar das lideranças políticas o que fizerem ou deixarem de fazer nestas horas decisivas."

O documento cita a necessidade da formação de uma "frente democrática", ideia que no começo do segundo turno era defendida com frequência por Haddad e aliados, mas que foi sendo deixada de lado à medida que ficou nítida a dificuldade de obter apoios públicos de políticos e partidos, principalmente fora do campo da centro-esquerda.

Na terça (17), o senador eleito Jaques Wagner (PT-BA), que integra a equipe da campanha de Haddad (PT), negou a construção de uma frente democrática.

"A gente conversa com todo mundo, mas não tem ideia de frente", disse Wagner.

Haddad: pacto por "governo amplo"

A carta é assinada por nomes ligados ao PT, como o professor André Singer e o ex-ministro Celso Amorim, mas também conta com pessoas que trabalharam em governos do PSDB, como os ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro e José Carlos Dias, e o ex-secretário Belisário dos Santos Júnior.

Também estão entre os signatários os ex-ministros Luiz Carlos Bresser-Pereira e Rubens Ricupero; os acadêmicos Maria Hermínia Tavares de Almeida, Luiz Felipe de Alencastro, Paulo Nogueira Batista Júnior e Roberto Schwarz; e o advogado Antônio Mariz de Oliveira.

Haddad recebeu a carta em rápido encontro com parte do grupo em um hotel de São Paulo. Disse ver com bons olhos a ideia de um "governo de unidade democrática nacional" com pessoas com quem conviveu e tem um "ótimo relacionamento", mas não quis citar nomes quando perguntado sobre quem procuraria.

"Na verdade, já procurei todas", disse.

Haddad considerou a carta dos intelectuais como uma "mensagem oportuna" e defendeu um "pacto por um governo amplo" que consiga isolar as "forças retrógradas".

Segundo Paulo Sérgio Pinheiro, a carta não é dirigida só a Haddad, mas a todas as forças políticas que participaram da eleição, com exceção do "candidato de extrema-direita".

"Uma frente democrática não é só uma fotografia das pessoas que fazem parte. É a possibilidade de que as diversas forças democráticas possam compor essa frente e também possam compartilhar espaços de poder nas decisões da campanha, nas decisões do programa de governo", afirmou.

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