New York Times faz editorial sobre "escolha triste do Brasil" por Bolsonaro
Do UOL, em São PauloO jornal americano The New York Times, um dos principais veículos de comunicação do mundo, publicou editorial neste domingo (21) em que considera a possível eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente como uma "escolha triste do Brasil".
No texto, escrito pelo conselho editorial da publicação, o NYT afirma que "é um dia triste para a democracia quando a desordem e a decepção levam eleitores à distração e abrem a porta para populistas ofensivos, rudes e agressivos".
Para o jornal, Bolsonaro é um político de direita que tem "pontos de vista repulsivos". O NYT lista declarações do candidato dizendo que preferia que seu filho morresse a ser homossexual; que a deputada Maria do Rosário, sua colega na Câmara, não merecia ser estuprada porque seria "muito feia"; que quilombolas pesavam "sete arrobas" e não faziam nada; e seus questionamentos sobre o aquecimento global.
A publicação diz ainda que Bolsonaro tem nostalgia pelos "generais e torturadores" da ditadura militar brasileira (1964-1985), abertamente defendida pelo candidato.
O editorial também traça um panorama do atual momento político e social do Brasil, citando a recessão econômica, a Operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o impeachment de Dilma Rousseff (PT), as denúncias contra o presidente Michel Temer (MDB) e os altos índices de crimes violentos. "Os brasileiros estão desesperados por mudança", diz o texto.
"Com este pano de fundo, os pontos de vista nojentos de Bolsonaro são interpretados como sinceridade, sua obscura carreira como parlamentar como a promessa de um forasteiro" que vai limpar a corrupção e "sua promessa de um punho de ferro como a esperança de um alívio" dos altos índices de homicídios, afirma o NYT.
O jornal menciona que Bolsonaro já foi chamado de "Donald Trump brasileiro" por surfar uma "onda de descontentamento, frustração e desespero" rumo ao cargo mais alto do país.
Para o NYT, se Bolsonaro for eleito, o meio ambiente sairá perdendo, pois o candidato já propôs flexibilizar regras para o desmatamento da Amazônia, sugeriu tirar o Brasil do Acordo de Paris, acabar com o Ministério do Meio Ambiente e interromper a criação de terras indígenas.
O editorial também aborda o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que tornou Lula inelegível e sua substituição por Fernando Haddad (PT). Segundo o jornal, Haddad "falhou em superar a associação de seu partido com corrupção e má administração", o que teria alimentado o antipetismo.
Segundo o Datafolha da última quinta-feira (18), Bolsonaro teve 59% das intenções de votos válidos, contra 41% para Haddad.