Favorito, Zema amplia em 318% verba de campanha sem identificar doadores
Carlos Eduardo Cherem
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte
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Campanha Romeu Zema/Vivi Zagnoli
Romeu Zema, candidato do Partido Novo ao governo de Minas Gerais
O candidato do Novo ao governo de Minas Gerais, o empresário Romeu Zema, 53, declarou à Justiça Eleitoral uma receita de R$ 2,9 milhões para a campanha, um aumento de 318% em relação ao primeiro turno, quando havia declarado valor de R$ 687 mil.
Sobretudo, a expansão foi sustentada por um aporte de R$ 300 mil do empresário Ricardo Antônio Vicintin, proprietário da Rima Industrial, e de seis doações de origem não identificada, que variaram de R$ 50 mil a R$ 200 mil, em um total de R$ 600 mil.
A campanha de Zema considerou o valor uma situação "natural" porque Zema lidera a disputa, segundo as mais recentes pesquisas divulgadas (leia mais abaixo).
Com isso, Vicintin se tornou o segundo maior doador da campanha do candidato do Novo. O maior, até o momento, é o empresário Salim Mattar, proprietário da Localiza, que doou R$ 700 mil. Mattar lançou pré-candidatura ao governo de Minas Gerais, no ano passado, mas acabou desistindo, abrindo caminho para a candidatura de Zema.
Doação sem identificação é ilegal, diz TRE
Essas doações que somaram R$ 600 mil representam mais de 20% da receita para este segundo turno da campanha do candidato. Segundo o TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais), essas contribuições são consideradas ilegais, e o candidato pode ter de devolver o dinheiro ao doador ou transferi-lo para o Tesouro Nacional.
Pelo artigo 24 da Lei 9.504, de 1997, "o partido ou candidato que receber recursos provenientes de fontes vedadas ou de origem não identificada deverá proceder a devolução dos valores recebidos ou, não sendo possível a identificação da fonte, transferi-los para a conta única do Tesouro Nacional".
O candidato tucano, senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), 57, por sua vez, declarou uma receita de R$ 12,5 milhões, ou 14% superior ao primeiro turno, quando declarou foram declarados R$ 10,9 milhões.
Os maiores doadores dessa campanha foram o diretório nacional da legenda, com R$ 5,2 milhões (42% do total), e Geraldo Alckmin, com R$ 2 milhões (16% do total).
A receita declarada pelo tucano é 334% superior à declarada por Zema.
Outro lado
O UOL não localizou a assessoria do empresário Ricardo Antônio Vicintin para comentar a doação feita a Zema.
A assessoria de Salim Mattar também não foi localizada. No site da Localiza, a empresa informa que é "apartidária" e que a opção do proprietário da empresa é "pessoal", conforme exige a lei.
"A Localiza é uma empresa apartidária e não apoia nenhum partido ou escolha política. É uma empresa com elevados padrões de governança corporativa e comprometida com seu papel de empresa cidadã", diz em comunicado.
"Respeitamos as escolhas políticas de nossos colaboradores, clientes, fornecedores e qualquer pessoa que interaja conosco. O Presidente do Conselho de Administração e o CEO da Localiza é, como pessoa física, declaradamente apoiador do Partido Novo e colaborador da campanha do candidato João Amoêdo. A posição política pessoal dos nossos dirigentes não afeta a nossa conduta empresarial", diz a nota da empresa.
Procurada, a assessoria de Anastasia não comentou o assunto até o momento.
Já a assessoria de Zema disse que "não há violação à lei eleitoral e nem à transparência". "O lançamento das doações deve ser feito em 72 horas e nem sempre esse prazo é suficiente para detalhar os doadores originários. A Justiça Eleitoral reconhece isso através de reiterados julgamentos, legitimando a praxe. A tempo e modo, ela será detalhada", diz o comunicado.
Com relação ao expressivo aumento na receita, a nota informa que é uma situação "natural" para os candidatos que vão para o segundo turno.
"Nada mais natural do que o aumento de doações. Nada mais natural que o candidato que lidera seja o foco das doações das pessoas físicas, filiados e apoiadores."
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