Witzel evita críticas a Bolsonaro; Paes diz que deputado não é autoritário

Luis Kawaguti e Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

Os candidatos ao governo do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) evitaram críticas e polêmicas relacionadas à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência durante debate realizado pelo UOL, em parceria com Folha de S.Paulo e SBT, nesta terça-feira (23).

Questionados por jornalistas, Witzel evitou criticar o filho de Bolsonaro depois que Eduardo sugeriu, em vídeo gravado antes do primeiro turno, que para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal) bastariam um cabo e um soldado. A fala recebeu críticas de ministros do Supremo e de personalidades.

O candidato do PSC disse que o presidente da Suprema Corte "tem que se expressar e contra qualquer fala que seja minimamente atentatória à estabilidade dos poderes". "Mas também vamos lembrar que o ministro João Otávio de Noronha, Presidente do STJ [Superior Tribunal de Justiça], também deu uma declaração minimizando a fala a respeito dessa questão do cabo e do soldado, né?", disse Witzel.

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Já Paes defendeu Bolsonaro quando um jornalista o questionou se acreditava que o candidato à Presidência respeita opiniões contrárias. O ex-prefeito do Rio, que foi deputado federal por oito anos e conviveu com Bolsonaro na Câmara, disse que nunca presenciou gesto de "autoritarismo antidemocrático" no trato pessoal com o candidato do PSL.

A resposta do candidato do DEM foi feita a um questionamento sobre a declaração de Bolsonaro, que disse no último domingo (21) que dará "ponto final com todo tipo de ativismo, vou banir os marginais vermelhos do país". Para Paes, "a gente está exagerando para tudo que é lado".

"Não vi, de verdade, na atitude do deputado Jair Bolsonaro qualquer gesto de autoritarismo antidemocrático pelo menos no convívio comigo", disse o candidato do DEM. "Então é o que eu posso dar é o meu depoimento e não ficar comentando notícias que eu leio por aí."

A campanha eleitoral no Rio vem sofrendo influência da eleição presidencial. Witzel surpreendeu no primeiro turno ao se tornar o candidato mais votado no estado após um esforço para associar sua imagem a Bolsonaro.

Nos últimos debates, Paes tem tentado minar as tentativas de Witzel de ser visto como o candidato de Bolsonaro e fazendo elogios ao candidato a presidente.

Já Bolsonaro tem se declarado neutro na disputa ao governo do Rio, mas seu filho Flávio, senador eleito no estado, apoiou Witzel na reta final do primeiro turno.

Em pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo Ibope Witzel aparece com 56% dos votos válidos e Paes com 44%.

Advogado de traficante

A relação de Witzel com o advogado Luiz Carlos Azenha --que foi flagrado transportando o traficante Nem da Rocinha dentro da mala de um carro durante um fuga da comunidade em 2011-- voltou a ser questionada por Paes, durante o debate. O democrata afirmou que Azenha chegou a buscar dinheiro vivo na casa de Witzel depois de receber uma mensagem do ex-juiz federal.
Em sua resposta, Witzel insinuou que Paes teria dado dinheiro ao advogado para que forjasse provas do seu estreitamento com ele [em outras ocasiões, o candidato do PSC afirmou que Azenha era seu ex-aluno e havia apenas manifestado apoio a ele].

"O advogado Azenha me pediu para ajudá-lo, eu indiquei um cliente para ele. Um advogado. E a questão que você coloca que ele é advogado de traficante, que ele fez um vídeo, você deve estar sabendo muito bem, eu nem sabia que ele tinha feito esse vídeo, estou sabendo por você. Não sei quanto você deve estar pagando ele para fazer esse tipo de coisa", afirmou.

Em outro questionamento, Paes voltou a citar as alianças em torno da candidatura de Witzel. "Você se diz a favor da Lava Jato, mas advoga para o pastor Everaldo. Você acha que não é esquisito deixar a magistratura e advogar para tanta gente envolvida na Lava Jato, ex-juiz Wilson Witzel?", perguntou.

Na resposta, foi a vez do ex-juiz contestar o histórico de Paes. "A corrupção tem sido a marca que se desenvolveu no estado do Rio de Janeiro. Agora, eu tenho relacionamento inclusive com os advogados que advogam para você. Nem por isso eu deixo de falar com eles, apesar de você ser indiciado em dois inquéritos, lavagem de dinheiro, corrupção. Por isso que você não fala do combate à lavagem de dinheiro no governo", disse.

Brigas entre apoiadores dos candidatos

Antes do início do debate, apoiadores das duas candidaturas tiveram um confronto em frente ao SBT. De acordo com relatos de pessoas presentes no local, simpatizantes de Eduardo Paes faziam campanha na porta da emissora quando um veículo que levava Wilson Witzel e seus apoiadores chegou.

O veículo foi cercado e o candidato do PSC disse não desceria, por se sentir ameaçado. Seguranças armados do ex-juiz federal chegaram a negociar a liberação do espaço para que Witzel pudesse entrar na emissora.

Foi necessário que integrantes da direção do SBT dialogassem com as claques dos dois candidatos e evitassem um embate maior. Um homem armado, que seria segurança de Witzel, chegou a entrar no SBT. Após negociação com a equipe da emissora, o segurança concordou em permanecer no local, mas desarmado. 

Durante o debate, Witzel mencionou o episódio. "Chegando aqui no SBT vimos aí a gangue nervosinha que estava querendo até impedir que eu entrasse aqui no SBT. Essas questões de intolerância é que nós precisamos difundir", disse, em referência ao apelido pelo qual Paes era conhecido nas planilhas divulgadas pela Odebrecht durante as investigações da Operação Lava Jato.

Ao final do programa, Paes também comentou o episódio. "É do jogo democrático. Em todo debate que vou tem militantes dos outros fazendo protestos contra mim. O ex-juiz precisa entender que, caso eleito, será contestado, desafiado. Ele é autoritário e gosta de dar uma carteirada. É um falso democrata."

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