Eleito, Doria diz ficar no PSDB, agradece Alckmin e ironiza Major Olimpio

Guilherme Mazieiro e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O governador eleito João Doria (PSDB) agradeceu toda a aliança que o ajudou a buscar a vitória no segundo turno da eleição para o governo de São Paulo, destacou o apoio de antigos e novos líderes do partido e anunciou que ficará na sigla. "Não sou filiado de ocasião e nem apenas para a eleição. São 18 anos de filiação, de PSDB, estou aqui por que quero e vou continuar no PSDB", disse em pronunciamento oficial no Club Homs, na Avenida Paulista, na noite deste domingo (28).

Doria foi eleito governador de São Paulo neste domingo com 51,75% dos votos válidos, contra 48,25% dos votos válidos do governador Márcio França, que buscava a reeleição. O resultado confirma a sétima vitória consecutiva dos tucanos nas urnas no estado. A última vez que o PSDB foi derrotado no cargo fora em 1990, com a eleição de Luiz Antônio Fleury Filho (então no PMDB).

O governador eleito também destacou o apoio do ex-governador Geraldo Alckmin, com quem teve uma rusga durante a campanha. "Aos que ainda prosseguem como líderes e dedico respeito e admiração. Começo citando Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso... Ao ex-governador Geraldo Alckmin, muito obrigado", disse o tucano.

Porém, em seguida, o empresário de 60 anos revelou que não recebeu ligação do ex-governador e de outras lideranças da sigla. "Não recebi ligação nem de FHC nem de Geraldo Alckmin. Não vou disfarçar. A partir de 1º de janeiro no meu PSDB, acabou o muro. Não tem mais muro, tem lado", destacou. Questionado se Alckmin poderia ter espaço em seu governo, Doria destacou a importância do ex-governador. "Não avaliamos (a presença de Alckmin no governo). Mas o homem que tem 42 anos de vida pública, é um homem para ser lembrado sempre", disse.

Dois dias após o segundo turno, Alckmin insinuou que Doria seria "um traidor" durante reunião da Executiva Nacional do PSDB. Doria havia declarado apoio a Jair Bolsonaro, momentos após ser confirmado o segundo turno presidencial, enquanto o partido, presidido por Alckmin, optou pela neutralidade. O ex-prefeito também disse no dia 7 que votou em Alckmin por "solidariedade". Depois disso, o ex-governador não foi a atos de campanha com Doria, que, em contrapartida, não acompanhou o voto de Alckmin neste domingo.

Luiz Adorno/UOL
Militantes celebram vitória de João Doria em São Paulo

O ex-prefeito de São Paulo fez questão de agradecer o apoio dos prefeitos tucanos no interior do estado, e afirmou que esta foi uma eleição extremamente municipalizada. Destacou também a participação de jovens lideranças como Cauê Macris (deputado estadual reeleito em São Paulo) e Bruno Araújo (atual deputado federal e que perdeu a eleição para senador por Pernambuco).

Ironia a Major Olimpio

Mais cedo, durante um vídeo ao vivo em uma van ao lado de da deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), no caminho para o pronunciamento oficial, Doria ironizou o senador eleito Major Olímpio (PSL), que fez campanha contra ele no primeiro e segundo turno. Ele agradeceu diversas vezes a deputada eleita pelo apoio dado no segundo turno.

"[A Joice] enfrentou a tudo e a todos, até um major, e ela ganhou. Ganhou do major. Um major todo fortão, musculoso e tal, e ela ganhou. Ganhou com inteligência e coração. Não foi com xingamentos, com violência, com mentiras, a gente não usa isso, não é Joice? A gente ganha no argumento", disse em tom de brincadeira ao lado dela. 

A deputada e o senador eleitos por São Paulo são do partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Enquanto Joice tentou articular uma declaração de apoio de Bolsonaro a Doria, Olimpio trabalhou para que isso não acontecesse. Bolsonaro ficou neutro no segundo turno em São Paulo. No pronunciamento, Doria também lembrou a situação, já que a maioria dos deputados estaduais eleitos pelo PSL optaram por Márcio França. "Eu entendo e estão perdoados", afirmou.

No vídeo ao vivo, Doria fez questão de parabenizar também o triunfo de Jair Bolsonaro na disputa pela Presidência da República. "Parabéns a vocês que acreditaram em nós, que acreditaram", afirmou. "É a vitória do povo brasileiro, das pessoas de bem, das pessoas que querem o melhor para o Brasil", disse o tucano.

Crítica à esquerda

"Agora nós vamos governar para todos. Bolsonaro vai governar o Brasil, eu vou governar São Paulo", disse o ex-prefeito de São Paulo, que derrotou Márcio França (PSB) em uma disputa apertada no estado.

"A democracia é isso, é do povo e ganha a maioria, e ganhou a maioria no Brasil e em são Paulo. E é assim que vamos governar, para os que nos elegeram e para os que não nos elegeram, dando uma prova de grandeza, de altivez", afirmou o governador eleito. "Se fosse as esquerdas, não era assim não, esquerda só governa para a esquerda, só governa para companheiro, nós não, vamos governar para todos."

"Vamos fazer com que as pessoas voltem a sentir felicidade e alegria de viver no Brasil, ter orgulho de sermos brasileiros, é isso que vamos conseguir", afirmou. "Pessoal, estou muito feliz e acompanhe tudo que a noite é longa. Viva o Brasil e viva São Paulo."

Mais tarde, durante o pronunciamento oficial, reiterou que governará para todos. "Queria agradecer os eleitores de são Paulo por uma votação muito expressiva, muito obrigado aos que me elegeram e aos que não me elegeram também, serei o governador de todos", afirmou Doria.

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