Ciro Gomes deseja sorte a Bolsonaro e diz: "Não pense em violar o respeito"
Eduardo Lucizano
Colaboração para o UOL, em São Paulo
-
Reprodução/Instagram
O candidato do PDT à Presidência derrotado no primeiro turno, Ciro Gomes, emitiu um comunicado nesta segunda-feira, desejou boa sorte ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e disse para o capitão reformado não pensar em violar o respeito que deve à nação.
Ciro Gomes, terceiro mais votado no primeiro turno, disse que era "contra a intolerância", mas não declarou apoio a Fernando Haddad (PT) no segundo turno, apesar da pressão petista. Seu partido, o PDT, declarou apoio crítico ao petista.
MEU PENSAR SOBRE 2018 pic.twitter.com/
— Ciro Gomes (@cirogomes) 29 de outubro de 2018
PT esperava apoio
Haddad disse que esperava "fala dura" de Ciro para que eles pudessem "vencer juntos" a eleição contra Bolsonaro. Como havia viajado para o exterior após o primeiro turno, Ciro retornou apenas dois dias antes da eleição no segundo turno.
"Eu, sim, espero que ele, ao desembarcar, faça uma fala dura contra o fascismo, contra o nazismo, contra tortura, contra o discurso do ódio, contra a venda do Brasil", chegou a dizer Haddad em entrevista à rádio Super, de Minas Gerais.
"Ciro é um patriota. Tenho certeza que ele vai fazer uma fala dura nessa reta final. E nós vamos vencer juntos. Porque não vai ser a vitória de um indivíduo. Vai ser uma vitória de um projeto de nação contra o desmonte que o Bolsonaro representa". O apoio, no entanto, nunca veio.
Contra a intolerância
Um dia antes do pleito, Ciro pediu apenas para que os brasileiros votassem "com a democracia, contra a intolerância e pelo pluralismo".
Haddad e o PT esperavam apoio oficial de Ciro, forte crítico de Bolsonaro durante todo o primeiro turno e com parte do eleitorado simpático à esquerda, mas o pedetista evitou se posicionar na votação final e indicou ter críticas a fazer aos petistas.
"Se não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero", disse ele, em um vídeo de dois minutos publicado em seu perfil no Facebook.
"Que as pessoas possam votar amanhã compreendendo a necessidade de votar com a democracia, contra a intolerância, pelo pluralismo, mas ninguém está obrigado a votar contra convicções e ideologias", disse Ciro.
Mágoa com Lula
Uma das razões para o apoio de Ciro não ter sido efetivo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mesmo preso, Lula articulou para deixar a candidatura do pedetista isolada, afastando o PSB de uma aliança para a corrida presidencial. Dessa forma, Lula conseguiu dar fôlego à sua candidatura que, no final, acabou sendo a de Haddad, em razão da Lei da Ficha Limpa. Sem apoiadores fortes, a candidatura de Ciro perdeu força.
Cid Gomes causou desconforto
Irmão de Ciro, o senador recém-eleito pelo Ceará, Cid Gomes (PDT), chegou a discutir com manifestantes durante ato de lançamento da campanha de Fernando Haddad (PT), em Fortaleza. Ele disse que o PT iria "perder feio a eleição", e que isso é merecido pelos erros cometidos pelo partido à frente da Presidência.
"Tem que fazer um mea-culpa, tem pedir desculpa, ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira, é assim", disse, sendo xingado por um dos participantes.
Cid ainda rebateu os gritos dos petistas que gritavam a favor de Lula.
"O Lula tá preso, babaca. E vai fazer o quê? Babaca, babaca! Isso é o PT, e o PT desse jeito merece perder, só pra rimar. É esse sentimento que vai perder a eleição", disse.
Receba notícias do UOL. É grátis!
Veja também
- Em ato do PT, irmão de Ciro diz que partido vai perder "feio" a eleição
- Recebido por multidão, Ciro chega da Europa, mas sai sem falar sobre Haddad
-
- Sem citar Haddad ou Bolsonaro, Ciro pede voto 'contra a intolerância'
- 'Gente importante declarou voto em mim', diz Haddad antes de votar
- Ciro afirma que estará na oposição com Bolsonaro ou Haddad na Presidência
- Análise: Ciro Gomes deu um tiro no pé ao se exilar no segundo turno