Inexperientes, 12 governadores nunca foram eleitos para cargos no Executivo

Do UOL, em São Paulo

  • Arte/UOL

    Eleitos pelo PSL de Bolsonaro, Antonio Denarium (esq.), Comandante Moisés (centro) e Coronel Marcos Rocha (dir.) não têm experiência prévia em cargos do Poder Executivo

    Eleitos pelo PSL de Bolsonaro, Antonio Denarium (esq.), Comandante Moisés (centro) e Coronel Marcos Rocha (dir.) não têm experiência prévia em cargos do Poder Executivo

A renovação dos políticos que ocupam os principais cargos no país foi um dos grandes anseios deste ano. Na esfera presidencial, manteve-se a "tradição" de escolher um representante que nunca ocupou um cargo no Executivo. No nível estadual, a modificação dos eleitos aconteceu em certa medida: apenas dez governadores conseguiram a reeleição. Por outro lado, entre os vitoriosos no pleito, 12 nunca tiveram experiência com cargos no Poder Executivo.

É o caso do governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), um dos novatos no cenário da política nacional. Exonerado do cargo de juiz federal em março deste ano para poder concorrer, ganhou como governador em disputa com o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). Witzel, até então, nunca havia ocupado um cargo político.

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Outro vencedor de primeira viagem é o empresário Romeu Zema (Novo), eleito em Minas Gerais. Neto do fundador do Grupo Zema, ele desbancou nomes tradicionais da política brasileira e que fizeram parte da marcada polarização desde os anos 1990. O ex-governador Fernando Pimentel (PT) não passou do primeiro turno, e Zema derrotou o também ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) no segundo.

Apesar da inexperiência em gestão pública, Zema não é um novato na política partidária. O empresário foi filiado ao Partido da República (PR) entre 1999 e janeiro deste ano, quando entrou para o Novo, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Também vencendo nomes conhecidos, o advogado Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal vai ter uma experiência num cargo majoritário pela primeira vez. Rocha exerceu a advocacia por 25 anos e venceu o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), no segundo.

Com um mandato de deputado estadual e dois de federal, Ratinho Júnior (PSC) no Paraná também faz parte do grupo de governadores que nunca havia sido eleito para cargos no Executivo. Ratinho Júnior até tentou a eleição para a Prefeitura de Curitiba em 2012, mas perdeu a vaga na ocasião para Gustavo Fruet (PDT).

Ele ainda teve duas participações no governo de Beto Richa (PSDB), ocupando o cargo de secretário do Desenvolvimento Urbano. Richa foi preso setembro deste ano, sob acusação de pagamento de propina a agentes públicos, direcionamento de licitações de empresas, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

Única mulher a ser eleita como governadora em 2018, Fátima Bezerra (PT) já teve ampla experiência na política, como deputada federal e senadora, mas não havia ocupado um cargo em uma eleição majoritária. Pedagoga e ex-professora da rede pública em Natal, Bezerra tentou a prefeitura da capital potiguar por quatro vezes (1996,2000, 2004 e 2008), sem sucesso até agora.

Foi eleita para o cargo no Rio Grande do Norte quebrando a sequência de dois mandatos de alinhados à direita no estado, encampados por Rosalba Ciarlini (DEM) e Robinson Faria (PSD).

Outro governador eleito com longa trajetória na política, mas sem experiência em cargos do Executivo, é Ronaldo Caiado (DEM). Escolhido para governar Goiás, Caiado já havia conquistado cinco mandatos de deputado federal (1990, 1998, 2002, 2006 e 2010). Em 2014 foi eleito senador por Goiás e se transformou em líder da bancada do DEM. Ficou marcado como um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Membro da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), Caiado já tinha tentado se eleger presidente da República em 1989, mas obteve uma votação inexpressiva. Em Goiás, alcançou o terceiro lugar no pleito para governador em 1994.

No Acre, o senador Gladson Cameli (PP) foi eleito no primeiro turno das eleições. Essa foi a quarta eleição bem-sucedida de Cameli (também foi eleito deputado em 2006 e 2010), sendo a primeira no Poder Executivo. Filiado ao Partido Progressista desde 2005, é sobrinho do ex-governador Orleir Cameli e desbancou uma hegemonia do Partido dos Trabalhadores que já durava quase duas décadas.

Na Paraíba, o engenheiro João Azevêdo (PSB) também debuta em cargos executivos. Eleito no primeiro turno com apoio do atual governador, Ricardo Coutinho (PSB), já ocupou cargos públicos, mas nenhum eletivo. Foi secretário de Serviços Urbanos do Município de João Pessoa, entre 1986 e 1989, secretário de Planejamento do Município de Bayeux (PB), em 2004 e secretário da Infraestrutura do Município de João Pessoa entre 2007 e 2010.

Eleito governador do Amazonas, o jornalista Wilson Lima (PSC) vai exercer seu primeiro cargo na política do país. Lima ficou conhecido por apresentar o programa policial "Alô Amazonas", da emissora de TV A Crítica, afiliada da Record.

O fenômeno de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente do país, puxou três políticos do partido para cargos de governador nessas eleições – dois deles militares. Os três nunca tiveram experiências em cargos majoritários. Na região Norte, o policial militar reformado Coronel Marcos Rocha ganhou em Rondônia e o empresário Antonio Denarium em Roraima. No Sul, o bombeiro militar Comandante Moisés foi eleito em Santa Catarina.

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