Projeto Comprova desmentiu 135 boatos vinculados à eleição presidencial

Do UOL, em São Paulo

  • Getty Images

O projeto Comprova, coalizão formada por 24 veículos de comunicação do país, da qual o UOL fez parte, com o objetivo de investigar a veracidade de informações disseminadas por fontes não oficiais nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, encerrou o período da campanha eleitoral com 146 análises de caso publicadas. Desse total, 135 mostraram-se falsas, enganosas ou tiradas de contexto, o que representa 92% das informações. Apenas nove histórias eram verdadeiras.

As publicações começaram em agosto e terminaram no último domingo (28). O trabalho se limitou a informações vinculadas à campanha presidencial.

No radar do projeto estavam conteúdos duvidosos cuja capacidade de causar danos às campanhas eleitorais era evidente. A prioridade foi verificar informações com grande alcance ou potencial viral. Uma parte das verificações foi arquivada por não serem conclusivas. "Nosso compromisso e nossa meta eram o erro zero", afirmou o editor do projeto, Sérgio Lüdtke.

"O resultado das verificações do Comprova [com 135 boatos desmentidos] é um alerta para a sociedade e uma reafirmação da necessidade de uma imprensa independente, atuante, transparente e confiável", ressaltou Lüdtke.

"Um bom sinal foi o número de pessoas que colaboraram conosco enviando sugestões de conteúdos a serem verificados. Somente pelo WhatsApp foram mais de 67 mil. Em dado momento, deixamos de responder individualmente a essas pessoas, tal o volume de mensagens, mas dedicamos boa parte da nossa atenção ao que recebemos da audiência", disse o editor do projeto.

Além de conteúdos a respeito dos candidatos a presidente, o Comprova detectou e verificou informações sobre as urnas eletrônicas, as normas que os eleitores devem seguir na hora da votação e até a sobre atuação da delegação da OEA (Organização dos Estados Americanos) que veio acompanhar a eleição no Brasil.

Trabalho colaborativo

O Comprova teve coordenação da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), apoio do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), além de treinamento e apoio técnico do Google NewsInitiative e do Facebook Journalism Project, sendo que estes dois ajudaram no financiamento.

Cada veículo designou profissionais que passaram por treinamento para detectar técnicas de manipulação de conteúdo e combater a desinformação. Os jornalistas trabalharam de forma colaborativa, ou seja, profissionais de diferentes veículos verificaram os boatos em conjunto.

Nenhum texto foi publicado sem que ao menos três veículos entrassem em acordo sobre a conclusão da verificação. Depois da publicação no site do projeto, todos os veículos integrantes puderam aproveitar o material (confira o que saiu no UOL).

A inspiração do Comprova veio de outros projetos do First Draft, uma iniciativa do Centro Shorenstein para Mídia, Política e Políticas Públicas, da Escola de Governo John F. Kennedy, na Universidade Harvard. Entre eles estão parcerias para a checagem de informações durante as eleições do Reino Unido, da Alemanha e da França, em 2017.

O fenômeno das fake news (notícias fraudulentas) ganhou novas proporções nas eleições norte-americanas de 2016. Na ocasião, foram divulgados conteúdos falsos que impulsionaram a candidatura do republicano Donald Trump, hoje presidente dos Estados Unidos.

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