Com palavrão, Bolsonaro se defende de acusação de racismo

Constança Rezende

Rio

  • Wilton Junior/Estadão Conteúdo

    28.ago.2018 - Jair Bolsonaro discursa durante campanha no Rio de Janeiro

    28.ago.2018 - Jair Bolsonaro discursa durante campanha no Rio de Janeiro

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, defendeu-se das acusações de racismo, homofobia, misoginia e xenofobia com críticas ao chamado "kit gay" - material didático preparado pelo Ministério da Educação durante o governo Dilma Rousseff - e dizendo que gosta de mulher.

As afirmações foram feitas em atividade de campanha no Rio, na manhã desta terça-feira, 28, mesmo dia que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará se o torna réu em ação penal por frases polêmicas que disse. A denúncia foi apresentada em abril pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Cercado por simpatizantes que fizeram a maior parte das perguntas em ambiente preparado para receber a imprensa na Central de Abastecimento do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que "a senhora Raquel Dodge, lamentavelmente, fez uma juntada disso (acusações por declarações dele) e mandou para o STF".

O candidato disse também que inventaram que ele é misógino e ironizou que agora "não gostava de mulher". "Descobriram que eu sou gay, é aquela palhaçada de sempre", minimizou, sendo recebido por gargalhadas de eleitores.

O presidenciável disse que "ninguém quer chegar e encontrar o filho Joãozinho de sete anos de idade brincando de boneca por influência da escola".

"P(*), nosso filho é homem e ponto final, p (*)!", bradou, batendo na mesa com uma das mãos. "Descobri a p(*) do kit gay, desculpa o linguajar aqui , e resolvi mostrar. Era inclusive para filho de pobre porque era pra escola pública depois iria pra privada. No intervalo, vai o Pedrinho namorar o Joãozinho, a Mariazinha namorar a Joaninha", disse Bolsonaro.

O candidato também afirmou que "estão escancarando as portas para a pedofilia". Disse que, "se encontrasse um filho seu abusado por um cara barbado, poderia ter certeza que iria revolver o problema dele na hora".

Bolsonaro acrescentou: "Queremos que o nosso filho em sala de aula seja respeitado e não que fique inventado coisinha pra botar na orelha dele com seis anos de idade."

"Ele tem um piu-piu debaixo da perna, mas quando tiver 12 anos de idade, vai decidir se vai ser menino ou não. Vamos acabar com isso. Até o pessoal da imprensa, duvido que vocês querem isso para o seu filho ou sua filha. E não peguem, por favor, pedacinhos do que falei aqui para dar outra conotação lá na frente", disse o candidato.

Candidato critica STF

No mesmo evento, o deputado federal também fez críticas contra os ministros do STF e a própria Corte. Ele chegou a mandar o que chamou de "recado" para que respeitem o artigo 53 da Constituição, que diz que "deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos". Nesta terça-feira, o STF vai decidir se tornará Bolsonaro réu por denúncia de racismo.

"Quero mandar um recado para o STF: respeite o artigo 53 da Constituição que diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião. E ponto final, p...(sic). A missão do STF não é fazer leis. Eles querem agora legalizar o aborto. Não é atribuição deles e ponto final. Eles têm que ser respeitados? Têm. Mas têm que se dar ao respeito também. Não é porque a Câmara não decide que eles devem legislar. Respeito o STF, mas eles têm que respeitar o povo brasileiro", disse o candidato.

O candidato acrescentou que os ministros do STF estão "na iminência de interpretar a perda de liberdade após condenação em segunda instância". Segundo ele, com a suposta aprovação, iria "todo mundo pra fora". "É um estímulo para a corrupção", emendou.

Questionado por seus próprios eleitores, em entrevista coletiva que seria para a imprensa, qual a sua proposta para o STF, Bolsonaro negou que fosse por meio de concurso. Ele disse que aceitaria esse modelo "se fosse para todos os 11, começando do zero". "Do modo que está, vão ter três indicações no futuro. Vocês sabem o perfil que indicarei. Vamos tentar buscar equilibrar o jogo", argumentou.

Bolsonaro também teceu frases sobre a avaliação da opinião pública sobre o Judiciário. Segundo ele, pesquisas comprovaram que o Judiciário está mal visto sob esse aspecto "para a sua tristeza". "Eu gostaria que eles estivessem lá em cima. Hoje em dia, aquele que faz a coisa certa é idolatrado. Olha o Sérgio Moro, que faz a coisa certa e é idolatrado", disse.

STF decide se Bolsonaro vai se tornar réu

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