Ciro critica cúpula do PT e desempenho eleitoral de Haddad em 2016

Mateus Fagundes

Taboão da Serra

  • Nacho Doce/Reuters

    Ciro Gomes (PDT) bebe água de coco durante campanha em Taboão da Serra, em SP

    Ciro Gomes (PDT) bebe água de coco durante campanha em Taboão da Serra, em SP

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, criticou na manhã desta terça-feira, 11, o desempenho eleitoral de Fernando Haddad, que deve ser oficializado concorrente do PT ao Planalto à tarde. A postura do partido foi mais vez desaprovada pelo pedetista.

Em agenda pública em Taboão da Serra, município da região metropolitana de São Paulo, Ciro lembrou a campanha de 2016, quando Haddad perdeu o comando da Prefeitura de São Paulo para João Doria (PSDB).

"Eu e Lula apoiamos o Haddad em 2016 e tivemos uma decepção profunda, já que ele perdeu no primeiro turno para o Doria e perdeu para os votos brancos e nulos. Isso não desqualifica o Haddad, gostaria de tê-lo como vice em outra configuração. Mas ele sai muito fragilizado", afirmou o pedetista.

Ciro mencionou ainda os números da pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, 10, que mostram Haddad com 39%, empatado tecnicamente com Jair Bolsonaro (PSL), que tem 38%, em um eventual segundo turno. O pedetista venceria o militar por 45% a 35%.

A critica velada a Haddad mostra uma inflexão no tom da campanha pedetista. Com o lançamento oficial do ex-prefeito de São Paulo, Ciro é aconselhado a questionar a experiência administrativa do petista e o desempenho eleitoral de 2016, sem reprovar diretamente a pessoa dele.

Em outro momento, sem mencionar o nome de Haddad especificamente, Ciro aproveitou para condenar a cúpula do PT. "Eles incitaram frações importantes do nosso povo que quer bem o Lula para tentar manipular este sentimento e lançar uma pessoa que talvez tenha dificuldades para interpretar com fidelidade aquilo que o Brasil precisa agora", disse, comprometendo-se em acabar com a divisão do País entre "coxinhas e mortadelas".

Ciro também disse que a esquerda do País já está dividida. "Nós já estamos divididos, porque não aceito a imposição da cúpula do PT. Eu fui convidado para exercer este papelão aí, de ser vice de ataque e amanhã ser escolhido na frustração do povo diante da não candidatura de Lula. Não é assim que se constrói uma liderança", afirmou.

"Esforço reconhecido", diz Ciro sobre Datafolha

Ciro Gomes evitou comemorar os números da pesquisa Datafolha divulgada na segunda-feira, 10, que mostraram crescimento dele nas simulações de primeiro e segundo turnos. "É muito bom trabalhar e ver que seu esforço está sendo reconhecido", afirmou, ponderando com o mantra que usa para comentar levantamentos eleitorais. "Como sempre digo, pesquisa é retrato de momento, mas a vida não é retrato, é filme. A grande pesquisa que eu quero é a de 7 de outubro."

No cenário de primeiro turno, Ciro subiu de 10% para 13% e aparece numericamente em segundo lugar, mas tecnicamente empatado com Marina Silva (11%), Geraldo Alckmin (10%) e Fernando Haddad (9%). Jair Bolsonaro lidera com 24%.

Nas simulações de segundo turno, Ciro vence Bolsonaro por 45% a 35%, ganha de Marina por 41% a 35% e aparece numericamente à frente de Alckmin, mas tecnicamente empatado com o tucano, com 39% a 35%.

Nos bastidores, a equipe de campanha de Ciro demonstra moderado otimismo. Assessores dele já esperavam crescimento nesta altura da campanha e avaliam que está havendo migração para o pedetista de votos de Marina e, principalmente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mas eles ponderam que o momento é de espera, uma vez que Haddad somente vai se lançar na corrida presidencial nesta terça à tarde. "Vamos esperar a pesquisa da semana que vem, quando o cenário vai estar mais claro", comentou ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) um membro da campanha pedetista.

Um dado muito comentado pela equipe "cirista" foi o do aumento da rejeição de Bolsonaro, que, segundo o Datafolha, passou de 39% em agosto para 43% agora.

Um interlocutor da campanha em São Paulo lembrou a fala do pedetista na segunda, em Mauá, cidade da grande São Paulo. "O Ciro falou ontem que uma coisa era solidariedade cristã, a outra é voto. É bem por aí", disse.

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