'Há ausência de crédito para fomentar o estado', diz Luiz Marinho
Adriana Ferraz e Fabio Leite
De São Paulo
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Alex Silva/Estadão Conteúdo
Com o pior desempenho nas pesquisas (5%) entre os últimos candidatos do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho tem apostado na superexposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha para tentar chegar ao segundo turno, fato que não ocorre na eleição estadual desde 2002.
Ex-prefeito de São Bernardo do Campo (2009-2016), ele critica os 24 anos de PSDB no comando do estado e promete gerar emprego, aumentar salário de professores e policiais e ampliar o ensino de tempo integral.
O sr. promete aumentar de 5% para 30% o número de vagas em ensino de tempo integral, mais de um 1 milhão de alunos, em 4 anos. Mas em São Bernardo criou 32 mil em 8 anos. Como vai dar esse salto no estado?
Educação será prioridade do nosso governo, junto com cultura e esporte. Tínhamos 32 mil alunos em São Bernardo no contraturno escolar, conceito de educação de tempo integral e não escola de tempo integral, o que é diferente. Para falar de escola de tempo integral, nós teríamos que reconstruir 100% das escolas, que não têm condição de receber bem nossa juventude nesse conceito. A ideia é utilizar equipamentos ociosos nas cidades em parceria com municípios, entidades, clubes, para oferecer atividade esportiva e cultura. Um conceito que fizemos em São Bernardo e funcionou muito bem. Acabou de sair o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e São Paulo voltou para trás, retrocedeu. Em São Bernardo, peguei com 5.1 o Ideb e hoje está com 6.9.
O sr. fala que vai gerar emprego retomando obras paradas no estado, mas seu sucessor em São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), disse ter herdado mais de 20 obras paradas.
Isso não é verdade. Deixei obras em andamento. O prefeito atual, por opção política dele, parou as obras por mais de um ano. Estavam em ritmo lento, mas nenhuma parada.
O seu sucessor disse que o sr. deixou R$ 200 milhões de restos a pagar sem dinheiro em caixa, até uma dívida R$ 6,4 milhões referente a três meses de contas de luz da Prefeitura não pagas.
Se tivesse deixado a cidade sem dinheiro, ele não teria pago os fornecedores. O atual prefeito está mentindo.
Mas ele teve de enviar um projeto à Câmara para parcelar a dívida e até o PT votou a favor.
É possível que tenha ficado uma coisa ou outra. Mas o que estou dizendo é que a cidade ficou arranjada. Veja o rating da cidade, os indicadores do Tribunal de Contas.
Sua campanha começou explorando a imagem do Lula, dizendo que Lula é Marinho. E agora, vai colocar Haddad na campanha?
Lula continuará sendo Marinho e Haddad também. Estamos estudando ainda (se Haddad estará na campanha).
Como gerar emprego em São Paulo com a crise no país?
Fazendo a economia paulista funcionar. Primeiro, resolvendo um gargalo que é ausência de crédito para fomentar a economia paulista. Os tucanos, na ânsia de privatizar tudo, venderam os bancos que poderiam fomentar a economia. Criaremos um banco de fomento e desenvolvimento para ter crédito para pequeno produtor, comerciante e inovador.
Seus adversários têm apostado no discurso duro de combate ao crime, enquanto seu programa de segurança ressalta o viés dos direitos humanos. Como serão as polícias num eventual governo do PT em São Paulo?
Em São Bernardo, implantamos 400 câmeras de monitoramento, integramos a guarda municipal com a polícia e fizemos gestão de conflitos nas comunidades, reduzindo drasticamente a criminalidade. Além disso, é preciso reestruturar a polícia, pagar melhores salários, porque o PSDB desmontou a polícia, especialmente a Civil. A política de segurança do governo foi fazer presídios e, junto, foi o crime organizado. Não vou construir um único presídio, vou fazer as audiências de custódia funcionarem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.