Ato contra intolerância em Berlim tem faixa com "Ele Não"
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Michele Tantussi/Reuters
13.out.2018 - Manifestantes que participam de ato contra intolerância em Berlim exibem faixa com dizeres "Ele Não", em referência ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL)
Faixas e cartazes com dizeres de protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foram usados por participantes de um ato contra o racismo e a intolerância no centro de Berlim neste sábado (13).
O ato foi convocado pela aliança Unteilbar (indivisível, em alemão), sob o lema "Por uma sociedade aberta e livre: solidariedade em vez de exclusão".
Um placar trazia estampada, em inglês, a frase "Não use seu voto para matar direitos", acompanhada da hashtag #Elenão.
Nesta sexta (12), uma pichação com a frase "Ele Não" foi removida de um trecho tombado do Muro de Berlim, no centro da capital alemã.
Entre as metas da passeata deste sábado está chamar a atenção para o perigo da ascensão da extrema-direita, combater a discriminação racial e a xenofobia, além de protestar contra a morte de imigrantes no Mediterrâneo e cortes nas políticas sociais.
Os organizadores afirmaram que cerca de 240 mil pessoas compareceram à manifestação, que é apoiada por numerosas organizações, associações, partidos e personalidades alemãs de destaque.
Além das faixas e cartazes contra Bolsonaro, o Brasil também foi lembrado através de um ato realizado por capoeiristas em homenagem ao mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa. Conhecido como Moa do Katendê, ele foi morto a facadas em Salvador na última segunda (8) por supostos eleitores de Bolsonaro. O mestre de capoeira teria defendido o voto no PT.
Em redes sociais, brasileiros convocaram alemães e conterrâneos para se juntarem à passeata em protesto pela "democracia no Brasil", a cerca de duas semanas do segundo turno das eleições, no qual Bolsonaro disputa a Presidência contra Fernando Haddad (PT).
O protesto começou na praça Alexanderplatz e seguiu por ruas e praças do centro de Berlim, como a Potsdamer Platz, o Portão de Brandemburgo, até chegar na Coluna da Vitória, onde era previsto um ato de encerramento incluindo discursos e shows de música.
O ministro alemão do Exterior, o social-democrata Heiko Maas, qualificou como "uma mensagem extraordinária que tantas pessoas saiam à rua e mostrem uma postura tão clara" de que a sociedade é indivisível.
"Não nos deixaremos dividir, muito menos pelos populistas de direita", disse o político, em entrevista à mídia alemã.
Ele afirmou que a maioria das pessoas na Alemanha é a favor da tolerância. "Um novo nacionalismo não soluciona nem um só problema", acrescentou Maas. Ele ressaltou que a diversidade numa sociedade em que "são respeitados origem, cor de pele, religião e modo de vida é um enriquecimento, e não uma ameaça".
Entre os que também anunciaram apoio à manifestação estão organizações como a Anistia Internacional, o Conselho Central dos Muçulmanos, grupos locais de ajuda a refugiados e personalidades alemãs como o grupo de rock Die Ärzte e o cantor pop Herbert Grönemeyer, que participam do show de encerramento do protesto. Também compareceram ao ato políticos do Partido Verde e da sigla A Esquerda.
O sentimento anti-imigrantes tem sido uma preocupação na Alemanha, assim como a crescente popularidade do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), após a chegada de mais de um milhão de refugiados ao país desde o início da crise migratória europeia, em 2015.
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