ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

24. Deputados vigiam seus próprios financiadores

Data de Divulgação

20.mar.2011

O escândalo

Presidências das comissões temáticas da Câmara foram entregues a deputados financiados por empresas da área de atuação da comissão, noticiou "O Estado de S. Paulo" em 20.mar.2011.

Levantamento do jornal mostra que pelo menos 19 dos 30 deputados integrantes da Comissão de Minas e Energia receberam doações de empresas do setor para suas campanhas. "Na lista aparecem metalúrgicas, mineradoras, construtoras, usinas e postos de combustíveis, entre outros", descreveu o jornal. O presidente da comissão, Luiz Fernando Faria (PP-MG), arrecadou mais "de metade dos R$ 2,258 milhões que declarou ter gasto em sua campanha com empresas da área em que vai atuar diretamente", diz a reportagem.

Outro integrante da comissão, Guilherme Mussi (PV-SP), teve um terço de sua campanha bancada por empresa do setor de mineração. Via assessoria, o deputado informou que a empresa pertence a seu pai.

Já o deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG) teve dois terços de sua campanha pagos por uma mineradora e, antes de assumir o cargo de deputado, o próprio Vasconcellos era diretor da mineradora.

As empresas que mais doaram a integrantes da Comissão de Minas e Energia são a construtora Camargo Corrêa e a geradora de energia Tractebel, informou o "Estado". As duas deram dinheiro a 6 deputados, incluindo o presidente do grupo.

A reportagem lembra que diretores da Camargo Corrêa "chegaram a ser investigados pela Operação Castelo de Areia da Polícia Federal em 2009, justamente por doações eleitorais". De acordo com a investigação, a empresa teria superfaturado obras e destinado parte dos recursos a partidos políticos de forma ilegal.

Na comissão de Viação e Transportes verifica-se a mesma situação, segundo o levantamento do "Estado". "A maioria dos 30 titulares da comissão recebeu recursos de construtoras, transportadoras, fabricantes e distribuidoras de veículos, entre outras empresas do ramo", diz a reportagem. O deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) tem em sua lista de doadores desde fabricantes de baterias para automóveis até construtoras como a Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Saraiva Felipe (PMDB-MG), que vai presidir a Comissão de Seguridade Social e Família, tem hospitais, laboratórios e indústrias farmacêuticas entre seus doadores. "São mais de R$ 800 mil em doações da área de sua atuação", observa o jornal.

Por fim, na Comissão de Agricultura, o presidente Julio César (DEM-PI) é agricultor. E o 1º vice-presidente, Lira Maia (DEM-PA), engenheiro agrônomo. "Ambos têm doadores que atuam no setor", informou o "Estado".

Outro lado
Dos integrantes da comissão de Minas e Energia, Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG) teve a seguinte declaração publicada pelo "Estado": "Todas as empresas que me apoiaram sabem que meu trabalho vai ser pautado pelo desenvolvimento industrial como um todo. Não atuarei na comissão ou no meu mandato para beneficiar uma ou outra empresa". Guilherme Mussi (PV-SP) explicou que recebeu dinheiro de empresa do setor porque o dono da empresa é seu pai. E Luiz Fernando Faria (PP-MG) não foi localizado por sua própria assessoria de imprensa, segundo publicou o jornal.

"Procurada, a Camargo Corrêa informou que não faria comentários sobre o tema", publicou o jornal. O diretor-presidente da Tractebel, Manoel Zaroni Torres, negou ao "Estado" que a empresa tenha a intenção de influenciar a postura dos parlamentares auxiliados. "A empresa não solicitou qualquer tipo de compromisso aos candidatos, respeitando os preceitos éticos com os quais está comprometida", afirmou via assessoria.

Já o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) afirma que as doações que recebeu não vão influenciar seu trabalho. "As doações de campanha são públicas e legais. Não dirijo minha conduta de acordo com elas", disse.

Saraiva Felipe (PMDB-MG), da Comissão de Seguridade Social e Família, disse ao jornal: "Da mesma forma que a doação é pública, a atuação da comissão também é e essas doações não vão interferir na minha atuação".

O que aconteceu?

Nada.

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