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PSDB não vota unido em Tião Viana para a presidência do Senado

Marcos Chagas<br>Da Agência Brasil<br>Em Brasília (DF)

30/01/2009 10h22

A decisão da cúpula do PSDB tomada na noite de ontem (29) de apoiar a candidatura de Tião Viana (PT-AC) para a presidência do Senado não terá a unanimidade da bancada. O senador Papaléo Paes (AP) comunicou ao líder Arthur Virgílio Neto (AM) que votará no peemedebista José Sarney (AP). Para ele, pelo menos outros três tucanos devem optar pelo PMDB na disputa pelo presidência da Casa.

Em entrevista à Agência Brasil, o senador afirmou que "não pode se comprometer em dizer que votará com a bancada e, no voto secreto, votar em Sarney". Na sua avaliação, outro voto entre os tucanos que deve ser dado ao peemedebista é do senador Álvaro Dias (PR).

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A matemática parece não ser um ponto forte dos políticos brasileiros. Na disputa pela presidência do Senado, estão inventando 16 votos que não existem. A conta não fecha.

Papaléo lembrou que na reunião da bancada, na quarta-feira (28), ficou praticamente decidido o apoio ao PMDB. Segundo ele, nenhum senador presente "colocou qualquer contestação" à candidatura do PMDB. "O próprio senador Sérgio Guerra [presidente nacional do partido] foi enfático ao afirmar que o governador [de São Paulo], José Serra, não faria qualquer interferência contra a candidatura de José Sarney", relatou o senador.

Já o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que é líder do governo mas fez questão de ressaltar que falava como parlamentar, considera que o apoio tucano não altera o quadro hoje favorável à candidatura de Sarney. Para ele, o apoio do PSDB a Tião Viana tem como objetivo "forçar uma divisão na base do governo".

"Com o PSDB apoiando a candidatura de José Sarney fatalmente não haveria disputa. Creio que Tião Viana desistiria. Com o apoio do PSDB [à candidatura de Tião Viana] força uma disputa na base", afirmou o senador peemedebista.

Romero Jucá acrescentou que Sarney conta com a unidade da bancada do PMDB e, agora, com o apoio dos 14 senadores do DEM. Na verdade, pelo menos um voto peemedebista José Sarney não terá, que é o do senador Jarbas Vasconcelos (PE). Tião Viana faz suas contas e aposta que terá mais alguns votos no PMDB.

Já o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), considera que o apoio do PSDB dá novo fôlego à candidatura de Tião Viana, que até ontem tinha uma eleição improvável. "Zerou a disputa e está começando uma nova. O PSDB demonstrou uma maturidade muito grande", afirmou o parlamentar.

Para Casagrande, o apoio dos tucanos também serviu para estimular os parlamentares do bloco de apoio a Tião Viana que tinham dúvidas quanto à possibilidade de sua eleição e já começavam a pensar em mudar o voto.

A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), segue o mesmo raciocínio de Casagrande. Na opinião da parlamentar, com os tucanos como aliados a disputa entre Tião Viana e José Sarney "deu uma virada boa". Ela acrescentou que o PSDB, ao apoiar Tião Viana, deve ter entendido que o senador "tem a possibilidade de transforma e resgatar a imagem do Congresso Nacional".

Ideli Salvatti fez questão de separar esse apoio das eleições de 2010 para Presidência da República. Segundo ela, é um equívoco vincular as eleições para as presidências da Câmara e do Senado às alianças para as candidaturas presidenciais.

Neste sentido, Ideli ironizou o PMDB, hoje com o PT principal aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "mesmo porque agrado ao PMDB nunca é suficiente".

A líder petista acrescentou que, mesmo com o apoio dos tucanos, a eleição de Tião Viana não está garantida. Agora, ressaltou, é preciso consolidar outros apoios e manter os já conquistados.