Enquanto deputado diz ter "vergonha" da Alesp, autor do requerimento de recesso defende emendar o feriado
Conhecido pelas análises críticas que faz da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em discursos de plenário, Major Olímpio (PDT) foi um dos poucos parlamentares encontrados pela reportagem do UOL Notícias na Alesp na quinta-feira (10). Abordado quando subia ao seu gabinete vindo da garagem, ele não escondeu a indignação com o recesso forçado, que praticamente deixou o Parlamento congelado até a posse da nova Mesa Diretora, no próximo dia 15. “É uma vergonha dizer que as obras impossibilitam nosso trabalho. O prédio está normal, está inteiro. E outra: se tivemos o recesso de final de ano, por que não fazer as reformas naquela época?”, questiona o político.
Segundo ele, o agravante é que, mesmo sem aparecer no prédio, nenhum dos deputados estaria disposto a devolver os cerca de R$ 500 diários referentes aos dias de suspensão nas atividades. “Isso me dá vergonha. Recebemos para não trabalhar. Não compactuo com isso. Não quero piorar a imagem do Parlamento. Queria apenas o mínimo de bom-senso e de vergonha na cara. Dizer que não temos o que fazer aqui é enganar as pessoas”, argumentou, em um dos corredores vazios da Casa. "Aqui dizem que eu sou 'meganha' e tenho pensamento cartesiano", conta ele, que é ex-policial e defende a categoria.
O deputado Carlos Giannazi (PSOL) foi outro que reprovou a suspensão na Alesp. Apesar de não ter ido ontem ao Palácio Nove de Julho, o parlamentar explicou que seu partido foi o único a não assinar o requerimento do recesso branco. “A Assembleia já é improdutiva por natureza. Não legisla, não fiscaliza. Temos mais de 4.000 projetos para serem apreciados. Não faz sentido paralisar a Casa”, afirmou, em entrevista por telefone. “Consumimos R$ 680 milhões em recursos públicos ao ano, e não estamos mostrando serviço.”
“É assim mesmo”
Primeiro nome que aparece entre as 35 assinaturas do requerimento de suspensão das atividades neste feriado de Carnaval, Antonio Salim Curiati (PP), o mais antigo deputado da Alesp, defendeu a ponte criada nesta semana. “É assim mesmo. Nossa função vai além do plenário. Temos que atender nossas bases, ouvir as pessoas. Muitos deputados são do interior e estão aproveitando esse período para ouvir os anseios da população. Se cada cidade tem em média 10 vereadores, imagine a demanda de gente que temos para atender”, disse.
Deputado pelo décimo mandato, o político criticou a postura da imprensa que, segundo ele, só está “atrás de coisa ruim”. “É mais fácil destruir do que construir”, alegou ele. “Quando fazemos bons projetos, ninguém dá atenção. Mas é só acontecer uma coisa dessas para que os jornalistas fiquem de olho”, afirmou.
Contrariando a própria alegação da Mesa Diretora, o deputado contou em entrevista em seu gabinete que as obras em andamento na Casa não prejudicaram seu dia de trabalho. Na última quinta-feira, calculou ele, foram mais de 16 pessoas atendidas em sua sala, até às 15h. “Aqui para mim está tudo bem. Está tudo funcionando. Não posso me queixar de nada.”
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