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Oposição consegue assinaturas necessárias para abrir CPI dos Transportes

Camila Campanerut<br>Do UOL Notícias

Em Brasília

02/08/2011 18h31Atualizada em 02/08/2011 19h12

A oposição conseguiu reunir as 27 assinaturas necessárias para abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias de irregularidade no Ministério dos Transportes. As últimas quatro assinaturas obtidas nesta terça-feira (2) foram dos senadores Zezé Perrella (PDT-MG), João Durval (PDT-BA), Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Reditário Cassol (PP-RO) --que é pai de Ivo Cassol, suplente do senador afastado por motivos de saúde.
 
No começo da noite de hoje, a oposição protocolou o pedido de abertura na Secretaria Geral do Senado. A Secretaria da Mesa está conferindo as assinaturas e a legalidade do documento. Depois disso, o pedido deve ser lido em plenário --o que, segundo informações da assessoria, não deve acontecer hoje. Após a leitura, os senadores têm até a meia-noite do mesmo dia para retirar ou não as assinaturas. Se todas forem mantidas, será então definido o presidente e o relator da comissão que, só então, será considerada oficialmente instalada.
 
Das 27 assinaturas que apoiam a investigação, dez são do PSDB, quatro do DEM, quatro do PMDB, três do PDT, duas do PP, duas do PSOL e uma do PMN, além da senadora Kátia Abreu (sem partido).
 
 
O pedido é que a CPI seja feita no período de 180 dias. Ao final de seus trabalhos, a comissão poderá encaminhar suas conclusões ao Ministério Público, para que apure se há responsabilidade civil ou criminal dos envolvidos.

Esta será a segunda CPI do governo Dilma Rousseff, mas a primeira com peso político. A outra CPI em andamento é a do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que investiga supostas irregularidades no pagamento de direitos autorais. Ela foi aberta no final de junho.
 

Tucano convida Nascimento a assinar CPI

Mais cedo, antes de conseguir todas as assinaturas, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pediu para o ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, também dar sua assinatura. Nascimento, que retornou ao Senado após afastamento do ministério, discursou hoje na Casa, negando as acusações e dizendo que não teve apoio do governo federal.

Dias sugeriu que, se ele era favorável à investigação, que assinasse, então, o requerimento de uma CPI para investigar as denúncias.

"As denúncias são da maior gravidade. O Tribunal de Contas da União aponta que em apenas dois anos foram desviados mais de R$ 700 milhões. Há a confirmação do TCU de desvios e a aceitação da presidente da República [Dilma Rousseff] desses fatos, ao demitir os funcionários", afirmou o tucano, apelando ao colega para que assine o pedido de uma CPI para investigar as denúncias no Ministério dos Transportes.

Em resposta, Alfredo Nascimento negou-se a assinar o pedido, dizendo já ter pedido a investigação do Ministério Público e reafirmando seu apoio ao governo de Dilma.

“O seu pedido de CPI é diferente do meu. Eu estou aqui como senador da República e sou da base do governo. Pode parecer raiva, me aproveitar de uma situação e chegar aqui e dizer que quero assinar uma CPI”, afirmou.