No Pará, propaganda diz que Carajás e Tapajós são "terra prometida" e apela para emoção do eleitor em Belém
Com a maioria dos votos nas regiões de Carajás e Tapajós, segundo pesquisas de intenções de voto, as campanhas publicitárias das frentes pró-divisão do Pará passaram a buscar o lado emocional do eleitor da região metropolitana de Belém em busca de apoio à divisão do Pará e falam em “libertar” o povo de Tapajós e Carajás. O plebiscito que definirá se o Estado será divido em três acontece no próximo dia 11 de dezembro. Todos os eleitores com título no Pará são obrigados a votar.
Na reta final da campanha, os principais jingles e propagandas eleitorais das frentes pró-Carajás e pró-Tapajós esqueceram os argumentos favoráveis à divisão e passaram a apelar à sensibilidade do eleitor da capital paraense. “Belém, Belém, Belém, não feche os olhos para esse povo não. Nossa esperança de mudar de vida, nossa terra prometida está em suas mãos”, diz o refrão da principal música da campanha.
Grão-Pará pode virar Parazinho
Apesar de terem duas frentes diferentes, as campanhas pró-criação dos Estados de Carajás e de Tapajós unificaram os trabalhos e têm como coordenador de marketing o publicitário Duda Mendonça, responsável -entre outras campanhas- pela vitória de Lula à presidência em 2002. O UOL Notícias tentou conversar com o publicitário para que ele falasse sobre a divisão, mas ele não respondeu às solicitações nem foi localizado pela reportagem, em Belém.
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Em outro trecho do comercial, o jingle também deixa claro a importância de conquistar voto belenense. “Se é maior a sua força, se é maior sua população. Diga sim para essa esperança. O futuro desse povo está em suas mãos.”
No programa eleitoral, o marketing tenta convencer que a divisão será benéfica para a população do Estado remanescente, chamado pelos separatistas de “novo Pará”. “Com a divisão, 66% da arrecadação de ICMS fica com o novo Pará. Com mais dinheiro e menos problemas, o Estado pode se transformar em modelo”, diz a apresentadora, sempre acompanhada do jingle que diz “é o novo Pará quem mais vai ganhar”.
Membro da frente Pró-Tapajós, o deputado estadual Alexandre Ivon (PSDB) confirma que o discurso adotado pela campanha a favor da divisão faz o apelo porque há a necessidade de conquistar os votos do eleitor de Belém. “Nós queremos ter o direito de ter políticas sociais que em Belém existem e que lá não existem. A população de Belém precisa saber disso”, disse.
Ameaça e artistas
Já a frente Em Defesa do Pará, contrária à divisão, também adota discurso direcionado quase que exclusivamente aos eleitores do Pará remanescente, citando as reservas e riquezas naturais que as áreas dos dois novos possíveis Estados têm.
No guia eleitoral, a divisão é tratada com uma “ameaça” e afirma que o interesse pela divisão é de moradores de outros Estados que ocuparam a região sul do Pará. “Eles desvalorizam [o Pará] porque não são daqui. A gente valoriza porque o que está aqui é nosso. Só a nossa união vai impedir quem levem o que o nosso Pará tem de melhor”, diz o apresentador.
ONDE FICA
O uso de nomes famosos paraenses também é constante na campanha eleitoral. Em uma das peças publicitárias, a atriz Dira Paes diz que, com a divisão, o Pará “só perde, perde e perde”, citando as reservas minerais e o potencial hidrelétrico, que ficarão com os Estados de Carajás e Tapajós. Outra artista que também falou no guia eleitoral foi Fafá de Belém. Emocionada, a cantora chora ao mostrar o documento de identidade com o sobrenome “Belém” e pede que a população vote “não e não”.
A propaganda
No Pará, a propaganda de rádio e TV é exibida, desde o dia 11 de novembro, duas vezes por dia – exceto quintas e domingos. Além disso, as emissoras são obrigadas a reservar 20 minutos por dia para veiculação de propagandas de até 60 segundos, inseridas ao longo das programações. As inserções terminam no dia sete de dezembro.
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