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Em crise, clubes de Belém apelam para times baratos para voltar a brilhar no cenário nacional

Carlos Madeiro

Especial para o UOL Notícias, em Belém

07/12/2011 06h00

Há oito anos, o futebol paraense vivia o momento máximo de sua história. No dia 24 de abril de 2003, o Paysandu batia o Boca Juniores por 1 a 0, em uma La Bombonera lotada, pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América. Pouca importava que, na semana seguinte, o Papão da Curuzu fosse eliminado, ao perder por 4 a 2 no jogo de volta, no Mangueirão. O feito histórico ficou guardado do torcedor paraense.


Mas as glórias ficaram no passado, e a realidade do Paysandu, assim como dos rivais da capital paraense, é de crise. Na Série C do Campeonato Brasileiro desde 2007, o Paysandu segue sem forças para voltar à Série B e, assim, tentar um retorno à elite do futebol nacional. Este ano, sob comando do ex-flamenguista Andrade, o time caiu na última rodada, diante do América-RN. Resultado: o time não subiu, e o clube mergulhou num dívida ainda maior.

ONDE FICA

  • Arte UOL

“Este ano extrapolamos os gastos, mas porque imaginávamos que iríamos subir. Apostamos alto nisso. Pelo elenco que formamos, éramos apontados como favoritos, mas infelizmente alguns jogadores não se adaptaram”, disse o presidente do Paysandu, Luis Omar Cardoso, admitindo que os jogadores disputaram parte da Série C com salários atrasados –a folha mensal estava estimada em R$ 500 mil.

O clube terminou o ano com um déficit de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Nomes como Josiel, ex-Paraná e ex-Flamengo, e Alex Oliveira, ex-Vasco, vieram a Belém e partiram sem deixar saudade. “No próximo ano teremos um plantel barato, com jogadores da base e alguns outros que contrataremos”, afirmou.

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Remo viaja de barco
Se estar na Série C é um tormento para o torcedor do Paysandu, seria um sonho para o maior rival, o Remo, que este ano sequer conseguiu classificação para a Série D do Brasileirão. O insucesso acabou dando margem aos rivais, que apelidaram o Remo de “time fora de série”.

Para não ficar parado por sete meses, o Remo apela para amistosos com clubes amadores pelo interior, na maioria das vezes com longas viagens de barco. Segundo o diretor de material do Remo, Fernando Oliveira, o clube vive um momento financeiro delicado, com uma dívida trabalhista estimada em R$ 4,5 milhões - o que fez com que o clube investisse mais na prata da casa. “Vamos ter uma folha, no Paraense de 2012, de no máximo R$ 150 mil, já com a comissão técnica. Vamos entrar com dez garotos da base, dentro das nossas possibilidades. Hoje, infelizmente, os jogadores não têm mais comprometimento com os clubes”, disse.

Sobre a situação dentro de campo, o diretor remista diz que a crise é fruto de uma combinação da contratação de jogadores que não deram certo e a alta dívida do clube. “Cometemos aqueles erros já conhecidos no futebol. Trouxemos jogadores renomados, mas que não apresentaram bom futebol. E quando o time cai, sobram as dívidas desses jogadores. Mas a parte trabalhista já está sendo negociada”, afirmou.

Para o dirigente, uma possível divisão do Pará não traria prejuízos aos times da capital. “Isso prejudicaria os times do interior daqueles novos Estados. O Águia de Marabá, por exemplo, iria jogar com quem? O futebol paraense ainda é sustentado por Remo e Paysandu, não tem jeito, Para nós, pouco mudaria, a não ser a redução das viagens e custos, o que seria até bom para o clube. Mas como hoje o Estado paga tudo, seria indiferente”, disse.

Tuna Luso fará time de R$ 40 mil
A situação de crise não é diferente no tradicional Tuna Luso, que ficou na oitava colocação do campeonato Paraense de 2011 e precisou disputar um torneio seletivo para garantir vaga no Paraense de 2012. A vaga veio coma vitória sobre o Castanhal, por 1 a 0, no domingo, 27 de novembro.

Para o próximo ano, a meta é fazer um time bom e barato. “Vamos dar valor à prata da casa, como é tradição do clube, que já revelou tantos jogadores. Vamos ter uma folha de cerca de R$ 40 mil. É pouco, mas é o que está dentro das nossas possibilidades”, disse o diretor administrativo da Tuna Luso, o português Eduardo José Gonçalves.

Sobre a criação de Carajás e Tapajós, o diretor diz que poderia servir de alento financeiro e logístico aos deficitários clubes da capital paraense. “Do ponto de vista operacional, seria melhor. As viagens serão mais curtas e, claro, teríamos menos despesas. Quanto à rivalidade, não muda muita coisa, porque os três grandes da capital são os que disputam e têm torcida. No interior, temos times que vêm, brilham um ano e logo se acabam”, afirmou o diretor.