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Silêncio de depoentes leva CPI do Cachoeira à busca de documentos na PF e no BC

Da Agência Câmara, em Brasília

07/08/2012 14h24

Com o silêncio dos dois depoentes desta terça-feira e a expectativa de repetição dessa tática amanhã, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira decidiu ir à Polícia Federal e ao Banco Central em busca de documentos.

A mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, e o agente aposentado da Polícia Federal Joaquim Gomes Thomé Neto evocaram o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminarem.

Amanhã será a vez de Andrea Aprígio, ex-mulher do contraventor, e de Rubmaier Ferreira de Carvalho, contador de empresas de fachada que teriam sido usadas pela organização de Cachoeira. Ambos conseguiram habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e também não deverão falar.

Segundo o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), o silêncio dos depoentes não é um “silêncio dos inocentes”. O grupo de Cachoeira, de acordo com o parlamentar, está atuando de maneira organizada nas defesas na CPMI e na Justiça Federal.

Para tentar prosseguir com as investigações, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), aprovou uma diligência de parlamentares para ir à sede da Polícia Federal cobrar o envio de documentos já solicitados oficialmente à instituição, em razão de requerimentos aprovados pela comissão.

O pedido foi feito pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). “Se um documento da PF vaza para a imprensa, temos de saber por que eles não chegam à CPMI. Precisamos saber como a polícia está fazendo o inquérito”, disse.

A principal cobrança dos parlamentares é para liberação dos vídeos feitos pelo contraventor Carlinhos Cachoeira que mostram negociações com autoridades públicas e entidades privadas. As imagens estão sendo periciadas desde junho por técnicos da polícia. Segundo Vital do Rêgo, 28 malotes de vídeos já estão na CPMI.

Além de Sávio, farão parte do grupo o senador Pedro Taques (PDT-MT), Odair Cunha, o vice-presidente, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

A comissão também irá ao Banco Central para pegar informações sobre a demora do Bradesco em repassar os dados relativos aos sigilos bancários quebrados pela CPMI. Eles deverão apresentar um relatório da diligência em reunião administrativa da comissão no dia 15 de agosto.

"Cascata"

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chegou cedo à comissão e disse que foi alvo de tentativa de intimidação por Andressa Mendonça e depois por um telefonema anônimo procedente de um orelhão em Taguatinga, no Distrito Federal.

No dia 30, Andressa foi detida, acusada de tentar chantagear o juiz Alderico Rocha, responsável pelo processo relativo ao caso Cachoeira. Ela teria pedido a liberdade do bicheiro para impedir a divulgação de um dossiê contra o magistrado. De acordo com o juiz, Andressa também disse que tinha um dossiê contra Kátia Abreu.

A senadora disse que continuará “denunciando essa quadrilha”, como sempre fez e que não tem medo de Andressa nem do seu "comparsa", uma dupla que a parlamentar apelidou de "Cachoeira e Cascata". Afirmou ainda que Andressa é uma mentirosa e que deveria estar na cadeia também, por ter tentado corromper a Justiça. “Ela não vai me intimidar. Não devo e não temo”, disse.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que a comissão não pode admitir que esse tipo de ameaça aos senadores passe em branco, do contrário ficará desmoralizada. Vital do Rêgo disse que já foram tomadas providências em relação às ameaças.

Nextel
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) disse que recebeu a lista de pessoas com 45 rádios Nextel habilitados no exterior para conversar diretamente com a organização do Cachoeira. Entre as pessoas estariam três diretores da construtora Delta, quatro membros do governo de Goiás e quatro policiais, além do ex-senador Demóstenes Torres.