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Ex-mulher de Cachoeira não responde às perguntas da CPI, mas nega ser laranja

Do UOL, em São Paulo

08/08/2012 11h10

Andrea Aprígio, ex-mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, compareceu nesta quarta-feira (8) à CPI do Cachoeira do Congresso Nacional. Mas, assim como a atual mulher do bicheiro, Andressa Mendonça, Andrea optou por não responder às perguntas feitas por parlamentares --ela conseguiu habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer calada. Andrea apenas negou que suas empresas foram usadas pela organização criminosa supostamente comandada por seu ex-marido, preso desde fevereiro em Brasília. 

Ex-mulher diz que único vínculo com Cachoeira é a família

Após se negar a responder a perguntas do relator da CPMI, em acordo com a defesa de Andrea, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), informou a decisão de transformar a sessão em secreta. Nos minutos iniciais, Andrea se declarou engenheira civil, advogada e dona do laboratório Vitapan, de uma empresa de engenharia e de manter uma instituição filantrópica em Anápolis. "Minhas empresas estão sendo acusadas injustamente de ser canais de atividades ilícitas", defendeu-se. 

De acordo com Andrea, o laboratório passou a ser administrado por ela após o divórcio com Cachoeira, com quem foi casada por quase 20 anos. Ela disse ainda que a empresa foi adquirida com recursos legais na época em que Cachoeira operava com concessões lotéricas.

Antes de se fechar a sessão, mesmo munida de uma liminar concedida pela Supremo Tribunal Federal (STF), Andrea usou os primeiros 20 minutos da explanação inicial para se defender das suspeitas de ser "laranja" de Cachoeira. Ela negou ter qualquer tipo de relação profissional com Cachoeira e disse que, até quando era casada com ele, os dois mantinham carreiras profissionais distintas. "A única relação que existe entre mim e Cachoeira é a de preservação de um vínculo familiar", destacou.

O segundo convocado do dia é Rubmaier Ferreira de Carvalho, contador de empresas de fachada que teriam sido usadas pela organização de Cachoeira. Ele também obteve habeas corpus no STF para ficar em silêncio.

Segundo o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), o silêncio dos depoentes não é um “silêncio dos inocentes”. O grupo de Cachoeira, de acordo com o parlamentar, está atuando de maneira organizada nas defesas na CPI e na Justiça Federal.

Para tentar prosseguir com as investigações, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), aprovou uma diligência de parlamentares para ir à sede da Polícia Federal cobrar o envio de documentos já solicitados oficialmente à instituição, em razão de requerimentos aprovados pela comissão.

O pedido foi feito pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). “Se um documento da PF vaza para a imprensa, temos de saber por que eles não chegam à CPMI. Precisamos saber como a polícia está fazendo o inquérito”, disse.

A principal cobrança dos parlamentares é para liberação dos vídeos feitos pelo contraventor Carlinhos Cachoeira que mostram negociações com autoridades públicas e entidades privadas. As imagens estão sendo periciadas desde junho por técnicos da polícia. Segundo Vital do Rêgo, 28 malotes de vídeos já estão na CPMI.

Além de Sávio, farão parte do grupo o senador Pedro Taques (PDT-MT), Odair Cunha, o vice-presidente, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

A comissão também irá ao Banco Central para pegar informações sobre a demora do Bradesco em repassar os dados relativos aos sigilos bancários quebrados pela CPMI. Eles deverão apresentar um relatório da diligência em reunião administrativa da comissão no dia 15 de agosto.

Depoimentos de terça

Após responder por três vezes ao presidente da CPI do Cachoeira que permaneceria calada, mesmo sem ter habeas corpus para tal, a mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, foi dispensada do depoimento nessa terça (7). O segundo depoente, Joaquim Gomes Thomé Neto, policial aposentado acusado de realizar serviços de arapongagem para a quadrilha de Cachoeira, também foi dispensado após se recusar a responder às questões dos parlamentares.

Antes do início do depoimento da mulher de Cachoeira, a senadora do PSD do Tocantins, Kátia Abreu, acusou o grupo encabeçado pelo bicheiro de ameaçá-la por meio de um telefonema anônimo ao seu gabinete no Senado e chegou a citar os vilões da novela Avenida Brasil, Max e Carminha.

O silêncio do policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de ser um dos arapongas do grupo de Carlinhos Cachoeira, surpreendeu os parlamentares da comissão nesta terça-feira (7). Ele deveria falar depois de Andressa Mendonça.

Ele veio ao Congresso munido de decisão favorável ao pedido de habeas corpus impetrado no Supremo para permanecer em silêncio na CPI e informou que não responderia a nenhum questionamento feito pelos integrantes da comissão.

Thomé Neto havia sido convocado inicialmente a prestar depoimento em julho, mas enviou um atestado médico à comissão pedindo o adiamento de sua oitiva remarcada para esta terça-feira (7). De acordo com o presidente da CPI, Vital do Rêgo, ele havia dado sinais de que colaboraria com as investigações. "Ele [Thomé] tinha vindo na vez passada na tentativa de falar e voltou sem querer falar. Surpreendeu-me", disse o senador.

Balanço

No último dia 18 de julho, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), fez um balanço dos trabalhos realizados no primeiro semestre pela comissão. Das 24 pessoas chamadas no primeiro semestre, apenas nove falaram, duas deram depoimentos considerados parciais e outras 13 não se manifestaram perante a comissão. Com os dois depoentes em silêncio desta terça-feira, sobe para 15 o número de depoentes que não disseram nada à comissão.

Os trabalhos da CPI se encerram em 4 de novembro, mas podem ser prorrogados  por mais seis meses. 

*Com informações da Agência Câmara e da Agência Brasil