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MST volta a ocupar fazenda da Cutrale no interior de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

11/11/2012 16h48

Um grupo de 300 mulheres do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocupou, na manhã deste domingo (11), a fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, no município de Borebi (309 km de São Paulo), segundo informou o movimento.

 

Os sem-terra exigem que a área da fazenda seja desapropriada pela União. Em 2007, a Justiça Federal determinou que a propriedade fosse devolvida à União por ter sido obtida por meio de “grilagem” (falsificação de escrituras), mas a decisão final não foi tomada porque a empresa entrou com recursos.

O Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) tenta recuperar a área na Justiça e incluí-la no programa de reforma agrária. A fazenda ocupada faz parte do Núcleo Colonial Monção, que tem 50 mil hectares e foi criado em 1909, quando o governo federal comprou vários imóveis rurais na região. Segundo o órgão, a grilagem foi feita por um antigo proprietário, que vendeu a terra para a Cutrale.

A ocupação de hoje também é um ato de protesto contra o uso de agrotóxicos pela empresa. A reportagem ligou para o escritório da empresa, mas não havia nenhum representante para comentar a ocupação.

Em 2009

Polêmica em 2009

Uma fazenda vizinha à Santo Henrique, também no Núcleo Colonial Monção, foi ocupada pelo MST em outubro de 2009 em agosto de 2011. Na época da primeira ocupação, imagens gravadas por um helicóptero da Polícia Militar mostraram os sem-terra destruindo pés de laranja com tratores –segundo os ativistas, para plantar feijão e milho para alimentar os sem-terra que ocupavam o local. A Cutrale é a maior indústria de suco de laranja do mundo.

A ocupação de 2009 foi duramente criticada por ruralistas e políticos, o que gerou a abertura da CPI do MST no Congresso. Na época, o movimento pressionava o então ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a assinar a atualização dos índices de produtividade da terra --antiga reivindicação dos sem-terra que viabiliza a desapropriação de terras--, prometida pelo presidente Lula.

Em janeiro de 2011, os sem-terra que ocuparam a fazenda em 2009, acusados de depredarem as instalações da Cutrale e causarem prejuízos de R$ 1 milhão, foram inocentados pela Justiça por falta de provas. A CPI do MST não detectou irregularidades entre os convênios firmados por entidades ligadas ao movimento e o governo federal.

Cutrale

Maior indústria de suco de laranja do mundo, a Cutrale controla um terço da produção mundial do setor. A empresa é brasileira, mas possui sedes e fazendas em vários países é parceira da Coca-Cola. O atual presidente da empresa, José Luís Cutrale, é um dos homens mais ricos do meio rural brasileiro.

Ao lado da Citrovita (do Grupo Votorantim) e da Dreyfus, a Cutrale é investigada desde 1999 pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça por formação de cartel para controlar a compra de laranjas e a produção, distribuição e exportação do suco.