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Randolfe retira candidatura à presidência do Senado; oposição se une em torno de Pedro Taques

Fernanda Calgaro<br>Do UOL, em Brasília

31/01/2013 18h13Atualizada em 31/01/2013 19h04

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) anunciou nesta quinta-feira (31) a retirada de sua candidatura à presidência do Senado e anunciou apoio ao senador Pedro Taques (PDT-MT). A eleição acontece amanhã (1º), a partir das 10h.

"Randolfe retira sua candidatura após ter cumprido papel democrático e apoia Pedro Taques", publicou o senador do Amapá em seu Twitter. "Eleger Renan é caminhar para o precipício", disse. "Taques tem a missão de resgatar o Senado Federal", declarou ainda sobre a candidatura do colega.

O grupo dos chamados senadores independendes resolveu nesta quinta, véspera da eleição, unir seus nomes em torno de Taques como alternativa ao favorito Renan Calheiros (PMDB-AL), envolvo em uma série de denúncias. A candidatura de Renan também foi oficializada pelo PMDB na tarde de hoje.

Segundo Randolfe, a candidatura de Taques contará com o apoio de PSOL, PDT e PSDB, e ainda há uma articulação para angariar apoio do PSB. O senador do DEM Agripino Maia também decidiu apoiar Taques.

"Eu não renunciaria se não fosse diante da possibilidade concreta de vitória. Eu estou renunciando porque não se trata mais de anticandidatura. Se trata, amanhã, de candidatura. Amanhã, o Senado vai ser julgado pela opinião pública. Eu acho importante que os 81 senadores saibam que o voto deles não vai ecoar simplesmente nos tapetes azuis do Senado, mas para todo o Brasil", afirmou o senador Randolfe Rodrigues.

Além dos votos da oposição, o grupo dos independentes conta também com um número grande de abstenções para ganhar a eleição. "A informação que temos é que muita gente vai se abster, porque não tem condições de votar nem se manifestar diretamente", afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Logo após o anúncio da retirada da candidatura de Randolfe no gabinete do próprio senador, ele, Taques e Buarque seguiram para se encontrar com senadores do PSDB, que manifestaram apoio a eles.

“Consideramos que, neste momento, o nome colocado pelo PMDB não atende às pré-condições que nós colocamos. Por essa razão, o PSDB optou de forma muito clara e consensual pela candidatura do senador Pedro Taques”, afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele negou que o apoio a Taques seja para dissociar o seu nome, cotado para a Presidência da República em 2014, de Renan Calheiros, envolvido em uma série de denúncias.

"Percebemos que a candidatura do senador Pedro Taques pode dar independência às ações do Senado. Não podemos permitir que o Senado seja uma extensão do Palácio do Planalto. É preciso que tenha uma pauta própria, que prestigie todos os senadores de forma isonômica e independente, independentemente de serem da base ou não. Isso não vem acontecendo até aqui", acrescentou Aécio. Ele negou que o apoio a Taques seja para dissociar o seu partido de Renan Calheiros, envolvido em uma série de denúncias.

O senador Pedro Taques, porém, adotou um tom mais cauteloso ao falar em vitória. "Ganhar ou perder é uma consequência da disputa. O político que entra em uma eleição pensando em só ganhar não pode ser candidato".

Sobre os apoios dos demais partidos, Taques disse que as articulações continuarão ainda hoje. "Essa não é mais a candidatura do Pedro Taques e do PDT, e sim do PDT, do PSOL, do PSDB. Já falamos com o presidente do DEM. Vamos conversar com ele hoje à noite. Tenho uma conversa agora com o PSB", afirmou. "O número de votos é o de menos importância. O importante é mostrar que no Senado existe vida que não está atrelada ao passado." 

Cristovam disse ter esperança que a candidatura de Taques traga renovação à Casa. "Eles [Randolfe e Taques] não estão sozinhos na sua geração. Eu estou aqui representando os [senadores] mais velhos do Senado para mostrar que não é um rompante juvenil deles. (...) Mas fico muito satisfeito que seja um candidato jovem, porque o Senado precisa renovar." 
 

Perfil de Taques

Senador em primeiro mandato, Taques ficou em evidência durante a CPI do Cachoeira, da qual era integrante. Após oito meses de investigações acerca das relações do contraventor Carlos Cachoeira com empresários e políticos, porém, membros da comissão fecharam um acordo e decidiram rejeitar o relatório oficial de Odair Cunha (PT-MG). No relatório alternativo que acabou aprovado, de apenas duas páginas, apresentado pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), não foi pedido o indiciamento de nenhum suspeito de participar do suposto esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal.

Na época, Taques criticou a maneira como a CPI acabou e disse que "o que fica é o cheiro da pizza misturado com o cheiro podre da corrupção".