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Governador de Sergipe, Marcelo Déda morre aos 53 anos em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

02/12/2013 06h57Atualizada em 02/12/2013 12h25

Morreu às 4h45 desta segunda-feira (2), aos 53 anos, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT). Vítima de um câncer gastrointestinal, o governador foi internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no dia 27 de maio, com dificuldades para se alimentar. Nos últimos dias, o estado de saúde do governador havia se agravado e, no sábado (30), o hospital divulgou boletim médico, afirmando que o quadro de Déda era grave e que apresentava “piora progressiva”.

Casado duas vezes, atualmente com a repórter-fotográfica Eliane Aquino, o governador deixa cinco filhos. No seu lugar assume o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.

O governo decretou luto de sete dias no Estado, além de ponto facultativo até terça-feira. As aulas das escolas estaduais também foram suspensas.

Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, Déda estava em seu segundo mandato. 

A família postou uma mensagem no Twitter do governador. "O céu acaba de ganhar mais uma estrela. Marcelo Déda voou 'nas asas da quimera'. Paz e bem". Déda será velado no Palácio Museu Olímpio Campos, ainda em horário a ser definido. O corpo deve chegar a Sergipe às 16h do horário local (17h em Brasília). O velório será aberto à população. Ele será cremado, conforme seu pedido.

Em outubro de 2012, ele anunciou a descoberta de um câncer no estômago. Desde lá inciou um tratamento intenso, em São Paulo, que resultou em afastamentos. Em maio, se afastou pela última vez para intensificar os tratamentos.

A última postagem de Déda pelas redes sociais foi em 10 de novembro, pelo Twitter, quando comentou sobre as eleições estaduais do PT.

Dilma publicou nota de pesar em que afirmou que "como prefeito, deputado e governador, Marcelo Déda exerceu a política com P maiúsculo". 

Na última foto que publicou, em 29 de outubro, ele aparece ao lado da presidente Dilma Rousseff, que o visitou na data. Com uma camisa do Flamengo, o governador aparece sorridente, mas visivelmente debilitado.

Palácio do Planalto muda imagem do Facebook em homenagem ao governador de Sergipe

  • Reprodução/Facebook

Programas eleitorais ao vivo

Natural do município de Simão Dias (a 100 km de Aracaju), Déda participava do cenário político desde a década de 1970, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz  Inácio Lula da Silva. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no Estado.

Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na época, com 25 anos e sem recursos para a campanha, o candidato fez todos os programas eleitorais gratuitos de televisão ao vivo e apenas com a bandeira do partido na parede do cenário, montado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Em entrevista a Fernando Rodrigues, em 16 de janeiro de 2010, o governador comentou a doença e falou sobre o momento político daquele ano.

“A lei me facultava fazer ao vivo, então eu ia cru, pregava uma bandeira com durex e estava pronto o cenário do ‘ao vivo’. Aquilo que era uma desvantagem virou uma vantagem porque me transformei no âncora do programa eleitoral”, relatou o governador de Sergipe em sua página oficial na internet.

Na eleição municipal, mesmo com recursos para a confecção de 5.000 cartazes, Déda ficou em segundo lugar com quase 19 mil votos. Logo em seguida foi eleito deputado federal por Sergipe.

Um ano depois, ele foi eleito deputado estadual com mais de 32 mil votos. O revés eleitoral ocorreu em 1990, quando tentou se reeleger para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Acusado de ter priorizado as atividades legislativas em detrimento dos movimentos sociais, Marcelo Déda obteve 10% dos 33 mil votos que o elegeram em 1986.

Em 1994, foi eleito para a Câmara dos Deputados e, em 2000, conquistou o primeiro mandato de prefeito de Aracaju referendado por 52,8% dos votos válidos. Foi escolhido como líder do PT na Câmara entre 1998 e 1999. Reeleito em 2004, Déda começou a consolidar a trajetória política para a candidatura ao governo de Sergipe.

Em 2006, deixou a prefeitura de Aracaju para se candidatar ao comando do Estado. Eleito em primeiro turno com 52% dos votos, Déda investiu em infraestrutura no interior do Estado.

Em entrevista à "Agência Brasil", durante a campanha à reeleição, Marcelo Déda disse que o foco de seu governo no segundo mandato – 2010 a 2014 – seria o combate à violência, o aprofundamento das políticas sociais e a continuidade das obras de infraestrutura iniciadas em 2006. (Com Agência Brasil)