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Cotada para vice de Aécio, deputada de SP quer estudar exemplo de Uruguai com maconha

Mara Gabrilli, deputada federal pelo PSDB-SP, é cotada para ser vice na chapa de Aécio - Divulgação
Mara Gabrilli, deputada federal pelo PSDB-SP, é cotada para ser vice na chapa de Aécio Imagem: Divulgação

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

16/04/2014 06h00

Com um apoio de peso em favor de seu nome, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), 46, cotada para vice na chapa presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), diz que, caso seja convidada, vai pensar sobre a possibilidade. "Temos de conversar [com Aécio]. Nunca almejei ocupar um cargo tão alto. Nunca quis", afirmou.

"Se rolar [o convite], eu vou pensar. Mas nunca fiz uma pesquisa aprofundada sobre o cargo. Se for mesmo convidada, não vou responder [a Aécio] sem antes pesquisar e estudar”, disse Gabrilli nesta terça-feira (15).

Ex-vereadora na capital paulista e ex-secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, Gabrilli é a primeira tetraplégica eleita deputada federal no país. Na Câmara Federal, atua na defesa de políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. Publicitária e psicóloga, a parlamentar sofreu um acidente automobilístico há 20 anos, que a deixou imobilizada do pescoço para baixo.

Sobre a descriminalização da maconha, a deputada diz não ter opinião consolidada: "já fui contra e já fui a favor. Hoje, estou pensando... Hoje, realmente não sei. Realmente, não sei o que falar", afirma Gabrilli.

"A utilização do extrato de canabidiol (substância química da cannabis, planta que dá origem à maconha) para uso medicinal, de forma terapêutica, sou a favor. Principalmente, para uso de portadores de doenças raras e autismo. Nesses casos, o extrato de canabidiol suspende as convulsões", diz.

"Já mudei de opinião sobre o assunto [descriminalização da maconha] e, agora, quero estudar melhor os exemplos do Uruguai e Portugal (países que liberaram, com restrições, o uso da maconha) para formar opinião sobre o assunto”, afirma a parlamentar.

Aborto

Sobre a descriminalização do aborto, Gabrilli diz que também não tem opinião formada. "Não dá para ficar contra ou a favor. As mulheres têm discutir o aborto", afirma a tucana.

"Milhares de adolescentes brasileiras acabam abortando em clínicas clandestinas. Uma situação perigosa e precária que acarreta infecções e óbitos. São 12 abortos ilegais a cada 60 minutos no país. O SUS (Sistema Único de Saúde) gasta anualmente cerca de R$ 30 milhões com curetagens de abortos mal sucedidos”, diz. "As mulheres têm de se pronunciar sobre a questão [o aborto]".

Carta

Após a publicação da entrevista, a deputada enviou uma carta ao UOL para esclarecer alguns pontos. Abaixo, trechos da nota:
 
"Sobre a especulação de um convite para vice na chapa de Aécio, eu afirmei que se acontecer, vou "pensar" na viabilidade, e não “tentar”, como publicado.
 
Em relação à descriminalização da maconha, conversamos bastante tempo sobre o assunto. Afirmei ser extremamente favorável à liberação do canabidiol para utilização medicinal. E que em relação à maconha em si, que existe uma tendência mundial à liberação, mas que eu mesma já mudei de ideia sobre o tema. Que precisamos promover essa discussão a nível nacional e observar o caso de nossos países vizinhos para ver quais as consequências que uma decisão importante como essa vai gerar. Falei também sobre minhas experiências em penitenciárias, onde realizo palestras. 
 
Sobre o aborto, tampouco não faz sentido uma publicação afirmando que não tenho opinião formada. As aspas foram publicadas como se eu fosse uma alienada sobre o tema, o qual abordo corriqueiramente em minhas palestras, inclusive como campanha na Câmara. Eu passei dados para o jornalista que mostram que hoje existe uma verdadeira carnificina espalhada pelo país, e isto não pode continuar assim.
 
Já em relação à maioridade penal o problema foi ainda mais grave, uma vez que eu nem sequer cheguei a conversar com o jornalista. A resposta que ele atribuiu a mim foi usada em outro contexto, em outra pergunta. O que eu disse ao repórter, na resposta sobre a descriminalização da maconha, é que assim como a Câmara, o próprio STF quer discutir a descriminalização da maconha e que o próprio Ministro Barroso afirmou que jovens, em sua maioria pobres e negos, entram na prisão por portarem quantidade pequena de drogas, e saem de lá escolados no crime. Também disse ao repórter que eu mesma faço muitas palestras em presídios e já ouvi histórias como essas lá dentro."