Topo

Ex-diretor da Petrobras deixa carceragem da PF em Curitiba

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato, deixa a carceragem da PF em Curitiba  - Jorge Olavo/UOL
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato, deixa a carceragem da PF em Curitiba Imagem: Jorge Olavo/UOL

Jorge Olavo

Do UOL, em Curitiba

01/10/2014 13h35

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso durante a operação Lava Jato, deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, no Paraná, por volta das 13 horas desta quarta-feira (01). Ele passará a cumprir prisão domiciliar no Rio de Janeiro, cidade onde mora.

De acordo com a assessoria da PF, Costa deixará o Paraná em um voo programado para decolar por volta das 14 horas, do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em direção ao Rio. Ele deixou a sede da PF em um veículo da corporação sem falar com a imprensa.

Costa é acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro, execução de contratos fictícios na Petrobras e corrupção, segundo investigações da PF. Ele foi beneficiado pela Justiça Federal por ter participado de um acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), no qual delatou companheiros do esquema e abriu mão de valores mantidos em contas no exterior.

Ele aceitou devolver aos cofres públicos cerca de R$ 70 milhões, entre dinheiro e bens, e se comprometeu a pagar uma indenização no valor de R$ 5 milhões. O ex-diretor também terá que colocar bens como garantia para constituir uma fiança do valor.

O acordo prevê que o ex-diretor da estatal entregará à União cerca de US$ 23 milhões mantidos na Suíça e US$ 2,8 milhões mantidos, em nome de parentes, no Royal Bank of Canada das ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe. Somados, os valores que estão no exterior correspondem a aproximadamente R$ 63,2 milhões.

Também serão repassados aos cofres públicos cerca de R$ 1,3 milhão em dinheiro, uma lancha no valor de R$ 1,1 milhão, um terreno avaliado em R$ 3,2 milhões e um carro (R$ 300 mil).

De acordo com o MPF, Costa fazia parte e ajudava comandar junto com o doleiro Alberto Youssef um esquema criminoso para obter contratos fraudados com a Petrobras.

O benefício da delação, com duração de um ano, foi concedido na terça-feira (30) pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. O ex-diretor terá de usar tornozeleira eletrônica, e a casa em que vive será monitorada por policiais.

“Ele terá proteção ostensiva da Polícia Federal nesse início. Ele ficará em casa, em prisão domiciliar, e só poderá sair de casa com autorização judicial. Se, no prazo de um ano, não houver sentença prolatada nos autos onde corre o acordo [de delação premiada], ele fica em liberdade aguardando a prolação da sentença”, disse a advogada dele, Beatriz Catta Preta.

Segundo Preta, com a decretação da sentença, o juiz avaliará a colaboração de Costa e os efeitos alcançados para o processo. “Ele vai, então, aplicar a pena que, segundo o acordo, tem seu patamar máximo de dois anos em regime semiaberto”, explicou.

Ontem o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que há elementos que confirmam o possível envolvimento de parlamentares com os fatos delatados pelo ex-diretor da Petrobras.

Zavascki homologou o depoimento de delação premiada em que Costa cita nomes de políticos que receberam propina do esquema de corrupção.

Segundo o STF, 40 investigações estão em curso para apurar a atuação dos acusados. "Dos documentos juntados com o pedido [de homologação], é possível constatar que efetivamente há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais, o que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal", disse.

Com a homologação da delação premiada, as informações apresentadas por Paulo Roberto Costa passarão a ser investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. (Com Agência Brasil)