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Lava Jato não é "terceiro turno eleitoral", diz ministro da Justiça

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

15/11/2014 11h57Atualizada em 16/11/2014 00h12

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, criticou neste sábado (15) o que chamou de “politização” das investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Há aqueles que ainda acham que estamos em uma disputa eleitoral. Não perceberam que o resultado das urnas já foi dado”, afirmou.

“A investigação não é terceiro turno eleitoral. As pessoas não podem levar para o foro político possíveis crimes que foram cometidos. Se ‘eleitoralizarmos’ a investigação, a colocamos em cheque”, disse o ministro.

Na sexta-feira, a PF prendeu 19 executivos, entre eles três presidentes de empreiteiras e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT. A ação investiga o maior esquema de corrupção da história da estatal, que teria desviado recursos para políticos que apoiam o governo Dilma Rousseff.

Após a operação, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputou e perdeu as eleições presidenciais este ano, afirmou que "muita gente está sem dormir em Brasília", e que as novas prisões da Lava Jato levam o escândalo para cada vez mais perto de dentro do governo da presidente.

Em nota oficial divulgada após as manifestações do ministro Cardozo, Aécio --que também é o presidente do PSDB--, afirmou que lamenta o fato do governo federal "tentar dar tratamento político a um caso que é, eminentemente, de polícia".

Durante protesto contra a presidente Dilma Rousseff realizado na tarde do sábado (15) em São Paulo, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio, disse que "nós queremos fazer um terceiro turno todos os dias".

Nós queremos fazer um terceiro turno todos os dias, diz Aloysio Nunes

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que está envergonhado por ser brasileiro. "Como brasileiro, eu tenho vergonha. Tenho vergonha de falar sobre o que esta acontecendo no Brasil", disse FHC.

Cardozo determinou que a Polícia Federal abra uma sindicância para investigar delegados envolvidos na Lava Jato que teriam atacado o PT e elogiado Aécio.

Os policiais teriam usado redes sociais durante a campanha eleitoral neste ano para elogiar o candidato tucano e atacar o ex-presidente Lula e Dilma, que disputava a reeleição.

“Isso é necessário para que se ateste a lisura da investigação. Para que depois provas não sejam anuladas e o resultado seja comprometido”, disse. “Isso não é tentar influenciar as investigações, é preciso garantir que paixões pessoais não atrapalhem o a operação”.

Segundo Cardozo, “não importa se quem é envolvido é ligado ao governo ao à oposição, se tem dinheiro ou não. Todos são iguais perante a lei”. “Não iremos usar a operação para atacar adversários ou inocentar amigos”.

O ministro afirmou que o governo deseja que “tudo seja esclarecido”, e que a orientação da presidente Dilma Rousseff é de “investigar tudo o que há de irregular”.

Cardozo também descartou uma crise no governo devido aos rumo da operação: “Temos a consciência tranquila. Não há crise, tudo será investigado”.