Mortes no campo aumentam 15% sob Dilma, diz Pastoral; governo contesta
O número de mortes no campo durante os quatro anos do governo Dilma Rousseff (PT) aumentou 15% em relação aos quatro anos do governo anterior.
De acordo com dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entre 2011 e 2014 morreram 133 trabalhadores rurais, lideranças e indígenas envolvidos em disputas por terra. Entre 2007 e 2010, quando o presidente era Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram registradas 115 mortes. A CPT diz que o aumento no número de mortes está relacionado com a redução de 53% no número de famílias assentadas durante o governo Dilma. O governo contesta os dados da CPT.
A discussão em torno da reforma agrária ganhou destaque ao longo da semana após a ministra da agricultura, Kátia Abreu, ter declarado em entrevista publicada pela "Folha de S. Paulo" que “não existe latifúndio” no Brasil e que a reforma agrária não deveria ser feita “em massa”.
Segundo a CPT, entidade ligada à Igreja e à defesa dos direitos dos trabalhadores rurais, entre 2011 e 2014, período do primeiro mandato de Dilma, foram registradas 133 mortes. Os dados de 2014 ainda estão sendo compilados e deverão fazer parte de um relatório maior, divulgado anualmente em meados de abril sobre a violência no campo. É possível que o número de mortes em 2014 seja ainda maior.
Em 2011, segundo a Pastoral, foram registradas 29 mortes no campo. Em 2012, foram 36. Em 2013, 34 e em 2014, 34. Para Edmundo Rodrigues, da coordenação nacional da CPT, o governo Dilma tem sido "omisso" em relação à violência no campo que ocorre, segundo ele, principalmente na Amazônia.
“O governo é omisso a partir do momento em que sabe que nesta região, que acaba sendo uma região abandonada pelos órgãos de segurança pública e quando não dá as devidas condições para que as pessoas sejam protegidas”, afirma.
Para Edmundo, o aumento da violência no campo está diretamente relacionado à redução no ritmo de assentamento de famílias durante o governo Dilma.
“Quando você analisa onde as mortes acontecem, verifica que é onde está tendo o confronto entre os trabalhadores rurais e os grileiros. Se o governo resolvesse essa questão, assentando as famílias da forma correta, a tensão diminuiria. Quando o governo não faz, a tendência é o número de mortes aumentar”, afirmou Edmundo Rodrigues.
Amazônia
Ainda de acordo com os dados divulgados pela CPT, os Estados da Amazônia lideram o ranking de mortes no campo durante o governo Dilma. Das 133 mortes registradas pela entidade entre 2011 e 2014, 86 foram em Estados da chamada Amazônia Legal. O Pará, com 32, lidera o ranking nacional. Logo depois, vem o Maranhão, com 18, e Rondônia, com 16.
Segundo Edmundo Rodrigues, o aumento da violência na Amazônia é resultado do avanço da fronteira agrícola em direção às áreas de floresta. “O agronegócio está avançando rapidamente e o governo, ao não impedir isso, acaba incentivando essa prática”, afirmou.
O MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) contestou os dados apresentados pela CPT. Segundo o órgão, entre 2011 e 2014, a Ouvidoria Agrária Nacional registrou 38 homicídios relacionados a conflitos por terra. O ministério informou que a ouvidoria “realiza a conferência das informações junto à delegacia de Polícia Civil local, e após o envio do inquérito a outras instâncias”.
A CPT nacional rebate o ministério afirmando que os dados da ONG são obtidos junto a entidades situadas nos locais onde os crimes acontecem, além de dados colhidos junto às polícias locais.
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