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"Mandato de Chinaglia na presidência da Câmara foi medíocre", diz Eduardo Cunha

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

23/01/2015 06h00Atualizada em 23/01/2015 08h05

O líder do PMDB e candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), chamou seu principal adversário na disputa, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), de "submisso" e definiu seu período à frente da Casa (2007-2009) como “medíocre”. Em entrevista exclusiva ao UOL, Cunha negou envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, disse que as “sequelas” de uma interferência do governo na eleição da Câmara serão graves e, confiante, afirmou que vai ganhar a disputa no primeiro turno. “Eu tenho convicção de que eu ganho no primeiro turno. Eu acho, não. Eu tenho certeza”, disse.

Eduardo Cunha é apontado por muitos de seus companheiros de Câmara como o favorito à disputa à presidência da Casa. Ele disputa o cargo com Chinaglia e com o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).

Ao falar do petista, Cunha não poupou críticas ao declarar que o período em que Chinaglia foi presidente da Câmara foi marcado pela “submissão” ao poder Executivo. “Não tenho a menor dúvida. Eu me arrependo do voto que dei nele. A gente passou o mandato do Arlindo Chinaglia só votando medida provisória nessa casa. Nada se votou que não fosse medida provisória. Então o que houve ali, foi uma submissão. O mandato do Arlindo Chinaglia foi medíocre na presidência da Câmara. Ele nada fez”, disse.

Questionado sobre a possibilidade de a disputa pela presidência da Câmara ir ao segundo turno, o peemedebista disse não acreditar que o pleito seja decidido em dois turnos. “Eu não tenho essa convicção. Eu tenho convicção de que eu ganho no primeiro turno", afirmou, aparentemente convicto.

Ao falar sobre a suposta interferência do governo na disputa pela presidência da Câmara, Cunha alertou sobre as “sequelas graves” a que o Planalto estaria se sujeitando. “Se o governo interferir, certamente as sequelas desse processo serão grandes. As sequelas dessa interferência, se existirem, não serão no meu exercício da presidência da casa. E sim, certamente, serão partidárias. Aí é o partido que vai falar”, disse Eduardo Cunha. O governo nega que esteja interferindo a favor de Chinaglia.

Cunha voltou a negar seu suposto envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso durante a operação Lava Jato, que investiga desvio de recursos públicos da Petrobras. Há pouco mais de duas semanas, reportagens citaram um depoimento dado pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, também preso durante a operação e apontado pela PF como ligado a Youssef. No depoimento, o agente afirmava ter entregue dinheiro de propina ao deputado. Dias depois, advogados de Youssef negaram que o doleiro e Cunha tivessem ligações.

“Não tive (relacionamento), não conheço o Alberto Youssef, nunca estive com ele na minha vida. O advogado dele (Youssef) desmentiu a chamada citação publicada. Esse assunto para mim....houve uma farsa... uma dessas 'alopragens' (sic) que foram montadas naquele momento, Foi desmoralizada. Depois ficaram com essa tese de que eu tinha, sim, sido citado. Depois o advogado do próprio Youssef desmentiu de forma pública e cabal. Então, não me cabe mais comentar esse assunto”, afirmou Cunha.

A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados será realizada no próximo dia 1º de fevereiro. Todos os 513 deputados eleitos em 2014, que tomam posse no mesmo dia, poderão votar e o vencedor ficará no comando da Casa pelos próximos dois anos. A escolha do novo comandante da Casa será por meio do voto secreto. 

Chinaglia foi procurado pelo UOL, mas não havia respondido aos pedidos de entrevista até a publicação deste texto.