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Contra tumultos em atos anti-Dilma, organizadores pedem uso de apitos

Organizadores pedem que manifestantes apitem em caso de confusão - Leandro Prazeres/UOL
Organizadores pedem que manifestantes apitem em caso de confusão Imagem: Leandro Prazeres/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/03/2015 06h00

O MBL (Movimento Brasil Livre), um dos grupos que organizou os protestos de domingo (15) contra o governo da presidente Dilma Rousseff, recomenda que os participantes das manifestações "não respondam a provocações de petistas que tentem gerar tumulto".

Caso haja algum distúrbio, apitos poderão ser utilizados pelos manifestantes, segundo as orientações passadas pelo grupo. "A gente está preocupado com a segurança. Vamos pedir para os manifestantes se sentarem e apitarem caso haja alguma confusão”, diz Pedro Mercante Souto, um dos líderes do MBL. “A gente se preocupou de as pessoas estarem seguras”, afirma.

O apito servirá para mostrar quem estiver gerando distúrbios durante o protesto. “A gente vai se preocupar em identificar essas pessoas. A gente passou essa orientação”, conta Souto. A mensagem tem sido repassada via redes sociais, como a recomendação para “levar bandeira do Brasil, cartazes, usar camisa amarela ou verde”, lembra o integrante do MBL.

Em uma lista que circula na internet também aparecem itens como evitar roupas vermelhas ou pretas, que "lembram o PT e os black blocs". Segundo Souto, integrantes do MBL estarão equipados com rádios e telefones para comunicação, em caso de algum distúrbio durante o protesto, e aconselha que a polícia seja alertada caso seja necessário.

Outro movimento, o "Vem pra Rua" --que defende a ética na política e o combate à corrupção-- tem uma lista com 20 recomendações para uma "manifestação pacífica, ordeira e poderosa", mas não cita PT nem black blocs. Um dos itens sugere que os manifestantes usem o celular e gravem qualquer "movimentação suspeita", entregando o vídeo, se quiser, para a organização do ato.

Sem causa

A preocupação do movimento não se sustenta, de acordo com o secretário Nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza. "Não precisamos recomendar isso [que os petistas não participem dos protestos], não há necessidade. Os militantes do PT não vão estar nela. Ela está caracterizada como manifestação da oposição, de extrema direita", diz Souza.

"Os petistas estão saindo hoje [sexta-feira, 13]. O movimento de sexta tem pauta: que não se corte os direitos dos trabalhadores, por reforma política. O movimento de domingo não tem pauta, só falam contra Dilma, pedindo impeachment", complementa o secretário do PT. 

Souto, do MBL, também afirmou que não partiu do movimento a mensagem dizendo que o PT irá “infiltrar militantes” nos protestos. “Na internet, a gente não tem como controlar as coisas”, diz o integrante. "Acho que nem seria positivo para o PT ter militantes no protesto", opina Souto.

Redes sociais

Ao menos desde a última segunda-feira (9), grupos de amigos no WhatsApp têm compartilhado recomendações para os protestos do próximo domingo (15) em razão do temor de que haja “petistas infiltrados” nos atos.

Mensagem tem sido compartilhada em grupos do WhatsApp - Reprodução/WhatsApp - Reprodução/WhatsApp
Imagem: Reprodução/WhatsApp

Nas mensagens, fala-se qual conduta o manifestante deve ter em caso de confusão. “Se começarem a fazer baderna, orientem nossos manifestantes a se sentarem no chão, apitarem e apontarem os manifestantes baderneiros."

No mesmo texto, fala-se para “não responder provocações contrárias e manter a ordem e o foco nas manifestações”.

Em outra lista, são citadas 18 regras para o protesto. Uma delas diz que bandeiras de partidos políticos serão proibidas nos atos. A lista também fala que "a polícia é nossa amiga; gente ordeira e trabalhadora não teme aqueles que nos protegem".

Segurança

Em São Paulo, a PM (Polícia Militar) tem mostrado preocupação com possíveis conflitos no ato de domingo.

Na segunda-feira (9), a PM reuniu-se com grupos organizadores do protesto e ficou acertado que eles vão ocupar pontos diferentes da avenida Paulista, na capital.

Em razão da manifestação, até o jogo entre Palmeiras e XV de Piracicaba, pelo Campeonato Paulista, teve seu horário alterado, passando a começar às 11h, não mais às 16h do dia 15. A medida foi tomada caso o protesto exija a presença do policiamento.