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CPI da Petrobras convoca Vaccari, Coutinho e Barusco

Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto - Sérgio Castro/Estadão Conteúdo
Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto Imagem: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

24/03/2015 16h19Atualizada em 24/03/2015 17h36

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras aprovou nesta terça-feira (24) um pedido de convocação para ouvir o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho. As datas dos depoimentos ainda serão definidas pelo presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB).

A comissão também aprovou as quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e do ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Em depoimentos à Polícia Federal, Barusco afirmou que recebeu propina do cartel de empreiteiras que tinham contratos com a petrolífera. Segundo o ex-gerente,  Duque também participou do esquema de corrupção.

Barusco já depôs à CPI, mas foi reconvocado para prestar novos esclarecimentos sobre a empresa Sete Brasil. O diretor de operações e participações da empresa, Renato Sanches Rodrigues também será ouvido pela comissão. 

É também para dar explicações sobre a Sete Brasil que o presidente do BNDES foi convocado. O requerimento para ouvir Coutinho é do deputado André Moura (PSC-SE), que é sub-relator da CPI. O parlamentar quer que sejam investigadas as suspeitas de irregularidades de negócios entre a Sete Brasil, de exploração de sondas, e a Petrobras. O presidente do BNDES será questionado sobre os financiamentos concedidos pelo banco à empresa no período em que ela manteve contratos com a estatal.

A ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca e o ex-gerente jurídico da estatal Fernando de Castro Sá também foram convocados hoje. Mário Góes, um que foi preso no curso da operação Lava Jato, é mais um dos convocados pela CPI. Ele é apontado pelo Ministério Público como operador do esquema.

A CPI aprovou ainda a solicitação de uma cópia de todas as gravações em áudio e vídeo das reuniões do Conselho de Administração da Petrobras ocorridas entre 2005 a 2015. A presidente Dilma Rousseff (PT) presidiu o conselho entre 2003 e 2010, como ministra de Minas e Energia e depois quando estava no comando da Casa Civil do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também foram aprovadas as convocações do executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça e do presidente do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), Nilo Vieira.

Vaccari

A convocação do tesoureiro acontece um dia após a Justiça Federal do Paraná aceitar a denúncia contra ele por corrupção e lavagem de dinheiro.

Para o Ministério Público Federal, Vaccari intermediou o pagamento de propinas ao PT. As doações teriam sido encaminhadas ao partido por meio de doações oficiais entre os anos de 2008 e 2010. Segundo a Procuradoria, o tesoureiro sabia que parte das doações tinha origem ilícita.

O juiz Sérgio Moro, que é responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância, afirmou que a informação defendida por procuradores de que Vaccari sabia que as doações ao partido eram resultado de desvios de dinheiro público "tem amparo" em depoimentos de delatores como o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o executivo da Camargo Corrêa Eduardo Leite.

O juiz também disse que o fluxo do dinheiro por empresas de fachada descrito na denúncia da Procuradoria tem "respaldo" em documentos.

Vaccari e o PT negam as acusações.

De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, o Palácio do Planalto avalia que a permanência de Vaccari à frente da tesouraria do PT tornou-se insustentável. Entre os interlocutores de Dilma Rousseff, é consenso que o “fico” do tesoureiro fragiliza sua defesa e coloca o PT como principal motivo de desgaste para o governo.