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"Ela não me pediu conselhos", diz Sarney sobre queda de popularidade de Dilma

José Sarney (PMDB-AP) faz seu discurso de despedida do Senado no ano passado - Alan Marques - 18.dez.2014/ Folhapress
José Sarney (PMDB-AP) faz seu discurso de despedida do Senado no ano passado Imagem: Alan Marques - 18.dez.2014/ Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

24/06/2015 13h45

O ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) disse nesta quarta-feira (24) ser contra uma ruptura entre o PMDB e o PT, pregada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em entrevista ao UOL, ele disse que apenas algo “muito grave” poderia justificar o fim da aliança entre os dois partidos. Questionado sobre a queda da popularidade enfrentada pela presidente Dilma Rousseff (PT), Sarney, que também teve baixos índices de aprovação em seu governo, respondeu: "ela não me pediu conselhos”.

No último sábado (20), uma pesquisa do instituto Datafolha indicou que apenas 10% dos entrevistados consideram o governo da presidente Dilma “bom ou ótimo” e que 65% deles avaliam o governo como “ruim ou péssimo”.

Segundo o Datafolha, Sarney teve de conviver com índices de popularidades ainda menores que o apresentado por Dilma. Em setembro de 1989, apenas 5% dos entrevistados pelo Datafolha avaliavam o governo Sarney como "ótimo ou bom". No mesmo mês, 68% dos entrevistados consideravam o governo de Sarney como "ruim ou péssimo".

O político afirmou que, desde que deixou o Senado, em fevereiro deste ano, não tem mantido conversas com a presidente Dilma. Questionado sobre quais conselhos daria à presidente para reverter esse quadro, Sarney citou um provérbio. “Tenho a lembrança de um ditado do Maranhão, um provérbio que diz: ‘conselho e água benta só se dá a quem pede’. Ela não me pediu conselhos. Não posso dar”, disse Sarney.

Sarney disse que só encontrou Dilma em cerimônias oficiais ou em eventos sociais, como o casamento de Marcela Oliveira, filha do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), no último sábado em Brasília.

“Não tenho conversado com ela. Tenho encontrado ela eventualmente, como no casamento da filha do Eunício. Ela estava lá e eu a cumprimentei, mas não tenho conversa nenhuma”, disse.

Sobre a crise política entre PT e PMDB, Sarney disse não ver motivos para uma ruptura entre os dois partidos. “Não posso apoiar ruptura (...) Acho que o PMDB é importante para a governabilidade do Brasil. Só um fato de extrema gravidade poderia resultar em uma mudança de posição do PMDB. Algo que acho que não está ocorrendo e que nem há perspectiva de ocorrer”, afirmou o ex-presidente.

Ao analisar a atual conjuntura política, Sarney disse que não vem acompanhando a atuação do vice-presidente Michel Temer (PMDB) como articulador político da presidente Dilma, mas elogiou o companheiro de partido. "Eu acho que o Michel é um homem muito experiente, muito capaz, e tem desempenhado com muito êxito todas as funções que lhe são dadas", disse o ex-presidente.