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No Senado, Collor diz que foi "constrangido e humilhado" e critica Janot

Do UOL, em Brasília

14/07/2015 18h04Atualizada em 14/07/2015 20h48

O senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) voltou a criticar a ação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis do político e de outros dois senadores nesta terça-feira (14) como parte da operação Lava Jato.

Na manhã desta terça-feira, agentes da PF cumpriram 53 mandados de busca e apreensão em seis Estados e no Distrito Federal. Em discurso feito na tribuna do Senado, ele criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pelos inquéritos de políticos com mandato.

"A truculência da operação de busca e apreensão sob o comando do Ministério Público Federal envolvendo integrantes do Congresso Nacional, inclusive eu próprio, extrapolou todos os limites do Estado de Direito. Extrapolou todos os limites constitucionais. Extrapolou todos os limites da legalidade", declarou.

"Os agentes sob as ordens de Rodrigo Janot literalmente arrombaram o apartamento de meu uso como senador da República em Brasília", disse. Collor disse ainda que a operação foi "espetaculosa" e "midiática", "com vários helicópteros e dezenas de viaturas, absolutamente desnecessárias", e que foi "maldosamente orquestrada pelo procurador-geral da República com o único intuito mesquinho e mentiroso de vincular a uma investigação criminosa bens e valores legalmente adquiridos" .

Os mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), onde tramitam os inquéritos que apuram a participação de políticos com foro privilegiado suspeitos de participarem do esquema da Lava Jato.

Segundo Collor, a "perseguição" de Janot a ele não vem de hoje. "Repudio a aparatosa operação policial. Fui submetido a um atroz constrangimento", declarou. Ele criticou ainda o fato de a busca ocorrer agora sendo que os fatos "são investigados há dois anos".

"Pergunto: isso é ou não é uma tentativa de imputação prévia de culpa sordidamente encomendada pelo senhor Janot?" Ele disse ainda que Janot faz "autopromoção" e se acha "o cara".

"Constrangido fui, humilhado também fui, mas intimidado jamais serei."

Busca e apreensão em Brasília

No início da manhã desta terça, houve bate-boca ente agentes da PF e da Polícia Legislativa no momento em que os mandados de busca e apreensão eram cumpridos em um imóvel de Collor em Brasília. Segundo o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, os agentes da PF entraram no apartamento do senador sem apresentar os mandados judiciais. 

Ainda em Brasília, a PF apreendeu três carros de luxo que pertenceriam ao ex-presidente e que estavam na Casa da Dinda: uma Lamborghine, uma Ferrari e um Porsche. 

Também foram alvo desta fase da operação, batizada de Politeia, os senadores Fernando Bezerra (PSB-PE), Ciro Nogueira (PP-PI), que também é presidente nacional do Partido Progressista, o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-deputado federal João Pizzolati (PP-SC), o advogado Thiago Cedraz, filho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, e escritórios da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras.

Collor é alvo de um inquérito que tramita junto ao STF para apurar sua suposta participação no esquema de desvios de recursos da Petrobras. o senador foi citado na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e no depoimento dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, à Justiça Federal.

O empresário disse ter pago R$ 20 milhões a Collor entre 2010 e 2012. O pagamento seria uma retribuição à influência de Collor nos negócios da construtora junto à BR Distribuidora. 

Em março deste ano, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu a instauração de inquérito contra 47 políticos suspeitos de terem se beneficiado pelo esquema da Lava Jato. Entre os políticos investigados estão os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).