PF revela temor de atentado em escolta e uso de "snipers" na Lava Jato
Policiais federais que atuam na operação Lava Jato, cujo centro das investigações é em Curitiba, tiveram que alterar o roteiro previamente definido para a escolta de um dos detidos para evitar a possibilidade de um atentado. A PF não divulga a identificação do preso que estava sob escolta e nem os detalhes da ameaça, detectada durante o trajeto do comboio.
A revelação deste episódio e de outros detalhes de bastidores sobre a operação ocorreu na manhã desta terça-feira (21) durante uma palestra direcionada a jornalistas na sede da superintendência da Policia Federal em Curitiba. Policiais do Núcleo de Operações da PF explicaram detalhes da atuação do setor -- responsável pela escolta de presos, controle de distúrbios civis e segurança de autoridades.
O policial Celso Secolo, um dos palestrantes, contou que os deslocamentos com os detidos na operação são definidos com roteiros múltiplos. Somente no momento da partida do comboio é que é anunciado o trajeto que será percorrido. Em alguns casos, parte do trajeto é acompanhada por "snipers" (atiradores de elite) posicionados em edifícios ao longo da rota. Todas as precauções visam resguardar a segurança da pessoa que está sendo transportada e a complexidade do aparato de segurança é analisada com base nas informações do perfil da pessoa detida. "Em alguns casos, no âmbito desta operação [Laja Jato] a escolta é realizada para verdadeiros 'arquivos vivos' e a nossa responsabilidade e a preservação da integridade desta pessoa", disse Newton Ishi, chefe do Núcleo de Operações da PF em Curitiba.
Citando outro exemplo de alteração de um plano de deslocamento, Secolo revelou que a PF teve que utilizar um veículo blindado para transportar o delator Ricardo Pessoa, dono da UTC, para uma audiência com o juiz Sergio Moro. "A imprensa divulgava relatos que ele entregaria várias pessoas importantes. Detectamos correspondências com ameaças a ele [Pessoa]. Neste caso, preferimos o uso de veículos blindados e o reforço na escolta."
Ricardo Pessoa afirmou, em delação premiada, que repassou R$ 3,6 milhões de caixa dois para o ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de Filippi, e para o ex-tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, entre 2010 e 2014. Ele também citou políticos de partidos como PTB, PP e PSDB em seu depoimento.
Além de demonstrar o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Operações, a palestra com os jornalistas teve o objetivo de discutir limites físicos para a atuação, principalmente de cinegrafistas e fotógrafos que, em busca da melhor imagem, acabam entrando em áreas consideradas de risco. "Quando realizamos a escolta, seguimos um mantra: o comboio não para nunca. Ou seja, se alguém entrar na frente, vai ter problema", alertou o agente federal.
A operação Lava Jato investiga irregularidades em contratos da Petrobras junto a um grupo e empreiteiras que inclui, além da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, empresas como a UTC, Camargo Correa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, entre outras. Segundo as investigações, pelo menos R$ 10 bilhões foram desviados pelo esquema. Parte do dinheiro seria destinada político e partidos, entre eles o PMDB, PT e PP.
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