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Investigar gestões anteriores ao PT é inviável, diz procurador da Lava Jato

Paulo Roberto Galvão de Carvalho participou de simpósio sobre corrupção em SP - Alex Falcão/Futura Press/Estadão Conteúdo
Paulo Roberto Galvão de Carvalho participou de simpósio sobre corrupção em SP Imagem: Alex Falcão/Futura Press/Estadão Conteúdo

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

29/03/2016 21h27

O procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho, integrante da Lava Jato, rebateu nesta terça-feira (29) críticas feitas à operação. Em palestra realizada em São Paulo, o procurador disse que as investigações da força-tarefa não são seletivas e que elas só não irão retroagir aos governos anteriores aos comandados pelo PT por causa do que ele chamou de “famigerada prescrição” de crimes.

Carvalho classificou como “algo inócuo” e “juridicamente inviável” investigar crimes praticados antes de 2003, quando teve início o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Carvalho, só faria sentido investigar casos antigos se fosse possível aplicar uma pena superior a oito anos por um só crime. O procurador afirmou que penas com essa duração não têm sido aplicadas nem para crimes praticados mais recentemente.

Também disse que o foco da Lava Jato é a base governista porque as investigações revelaram “um esquema de empresas e órgãos e da administração pública federal beneficiando partidos que controlam a administração federal”, sobretudo para o financiamento de campanhas eleitorais dessas legendas.

“Não faria sentido que [o esquema] fosse colocado à disposição da oposição para que ela arrecadasse dinheiro para suas campanhas usando o governo federal. Não estou dizendo que eles [os partidos de oposição] não fazem isso. Mas imagino que se façam, fazem nos governos que controlam e não nos governos que são controlados por outro partido”, declarou.

“O que tem surgido de fios condutores de investigações que possam levar a outros esquemas [de corrupção] fora da Petrobras estão sendo conduzidos pela força-tarefa da operação ou serão encaminhados às instâncias competentes.”

No caso da Petrobras, o procurador disse que os únicos indícios de que a oposição teria recebido dinheiro desviado durante os governos do PT referem-se ao período em que a estatal foi investigada por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A corrupção teria, nesse momento, o objetivo de evitar que a investigação parlamentar se aprofundasse.

Ele também classificou como “teoria da conspiração” a ideia de que a Lava Jato teria como objetivo destruir o PT. “Seria um absurdo você imaginar que todas as pessoas conseguiram estar no mesmo lugar, na hora certa, no momento certo, todos com a mesma mentalidade, com o objetivo púnico de acabar com o partido”, declarou depois de lembrar que a força-tarefa da operação conta com uma equipe de procuradores, delegados da Polícia Federal, auditores da Receita Federal e um juiz.

Carvalho apresentou a palestra “Lava Jato: desafios e resultados” durante o simpósio “Combate à corrupção: desafios e resultados. Casos Mãos Limpas e Lava Jato”, promovido pela Procuradoria Regional da República da Terceira Região (SP/MS) e dirigido a integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Também fizeram palestras no simpósio o juiz federal Sérgio Moro, o italiano Piercamillo Davigo, magistrado integrante da força-tarefa Mãos Limpas; e Rodrigo Chemim, procurador de Justiça do Paraná.