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Câmara confirma eleição para presidente na quarta-feira

O sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara deve ser conhecido na quarta - Pedro Ladeira - 4.mai.2016/Folhapress
O sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara deve ser conhecido na quarta Imagem: Pedro Ladeira - 4.mai.2016/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

11/07/2016 16h41Atualizada em 11/07/2016 18h42

A Câmara dos Deputados chegou a um acordo para marcar a eleição do sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Casa para a quarta-feira (13). A votação será feita por voto secreto, em sessão que começa às 16h.

O acordo foi oficializado nesta segunda-feira (11), em reunião da Mesa Diretora, conjunto de deputados responsável pela administração da Câmara. O anúncio foi feito pelo 1º secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), que também será candidato, ao fim da reunião da Mesa Diretora.

Antes, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), havia marcado a eleição para a quinta-feira (14), o que desagradou deputados do chamado "centrão", grupo que reúne partidos como PP, PSD, PTB, PRB e PR, e congrega a maior parte dos aliados de Cunha. Em reunião na semana passada, partidos do centrão haviam tentado agendar a votação para a terça-feira (12).

A pressa em realizar a votação tende a beneficiar um candidato do grupo, articulado há mais tempo e com expressiva quantidade de votos (217 deputados). Para eleger em primeiro turno o presidente é preciso 257 votos, quantidade que representa a maioria absoluta da Câmara, que tem 513 deputados (nessa eleição, votarão 512, já que Cunha está afastado).

Oito deputados já registraram oficialmente a candidatura, quatro deles de partidos do "centrão". Além desses, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), apontado como um dos favoritos, também confirmou que será candidato. Rosso afirmou que o elevado número de postulantes torna a disputa “imprevisível”. 

Líderes do centrão pretendem pressionar para que deputados do grupo retirem suas candidaturas, facilitando o caminho para Rosso.

Os partidos da antiga oposição a Dilma (DEM, PPS e PSDB) também articulam candidaturas, mas largam em desvantagem por terem menos votos (86 deputados). O PSB (34 deputados), que fez oposição a Dilma e não é alinhado ao centrão, também terá candidato. Heráclito Fortes (PSB-PI) já registrou sua candidatura.

Principal nome da antiga oposição na disputa pela presidência, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula o apoio até mesmo do PT e de partidos da antiga base de Dilma, como o PCdoB. 

A aliança encontra resistência nos partidos de esquerda, mas já foi defendida pelo líder do PCdoB, Daniel Almeida (BA), como forma de se contrapor à suposta influência que Cunha teria sobre um candidato do centrão.

A proposta com as regras de votação será ainda discutida em reunião dos líderes dos partidos, prevista para as 18h.

A ideia é que cada candidato tenha 10 minutos para discursar na sessão de eleição, em ordem definida por sorteio. Caso nenhum dos candidatos consiga os 257 votos para vencer no primeiro turno, o segundo turno de votação será realizado com os dois mais votados, na mesma sessão, uma hora após apurado o primeiro resultado.

“É uma data positiva para que possamos ter tempo [para a eleição]”, disse Mansur. “Foi referendado pela Mesa da Casa e vai ser respaldado pelos líderes [partidários]”, afirmou.

Base de Temer dividida

A possibilidade de mais de uma candidatura de deputados da base de apoio do presidente interino, Michel Temer (PMDB), desagrada ao Planalto. O governo teme que a disputa promova um racha na base, num momento em que há a necessidade aprovar medidas econômicas.

Dois deputados do PMDB já oficializaram suas candidaturas: o ex-ministro da Saúde Marcelo Castro (PI) e Fábio Ramalho (MG). Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores de Eduardo Cunha no Conselho de Ética, também é apontado como possível candidato.

A eleição para a presidência da Câmara foi precipitada pela renúncia ao cargo anunciada por Cunha na última quinta-feira (7). O deputado do PMDB estava afastado do exercício do mandato desde maio, mas resistia a renunciar à presidência. Após seu afastamento, o cargo vinha sendo exercido pelo 1º vice-presidente, Waldir Maranhão, alvo de constantes críticas na condução da Câmara.

Cunha foi afastado por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido da Procuradoria-Geral da República, por suspeitas de que ele usaria o cargo para tentar atrapalhar investigações contra ele, que é réu em duas ações penais no STF, foi alvo de uma terceira denúncia criminal e é investigado em outros seis inquéritos. O deputado nega irregularidades e tem dito que vai provar sua inocência.

A Câmara deve votar em agosto pedido de cassação do mandato de Cunha aprovado em junho pelo Conselho de Ética.

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