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Tensão e risos: o clima entre os convidados do julgamento do impeachment

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De óculos escuros, Chico Buarque estava na "torcida" de Dilma
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Márcio Neves

Do UOL, em Brasília

30/08/2016 00h55

Do lado direito da presidente afastada, Dilma Rousseff, estavam 26 convidados de senadores a favor do impeachment e da equipe de acusação. Do lado esquerdo, outros 26 convidados de senadores contrários ao processo e da petista. Todos separados na galeria do Senado (uma espécie de arquibancada) por uma fileira de jornalistas.

No lado direito havia um clima de "já ganhou". Entre os convidados, estavam os líderes de movimentos que foram às ruas pedir a saída de Dilma da presidência.

Rogerio Chequer, do movimento "Vem Pra Rua", observava a sessão com um binóculo em alguns momentos e conversava com poucos, mas afirmava que o destino de Dilma estava selado. Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre, dizia que de nada adiantaria o discurso da presidente.

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Rogerio Chequer observou a sessão com um binóculo
Imagem: Márcio Neves/UOL

O clima relaxado fazia com que, nos momentos mais tediosos da longa sessão, eles sentassem nos corredores ou fizessem sessões de "ao vivo" nas redes sociais. O assédio de jornalistas era tímido e esporádico.

No lado esquerdo, o clima era mais apreensivo. Entre os convidados, ex-ministros de Dilma, líderes de movimentos sociais, o ex-presidente Lula e o cantor e compositor Chico Buarque, um dos artistas defensores de Dilma.

Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), afirmava a importância da presença de Dilma no Senado para deixar claro o processo de golpe.

O mais tietado era mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entre momentos concentrados, normalmente alisando o bigode, cumprimentava pessoas, mas evitava falar com jornalistas.

Chico Buarque esboçava poucas reações e mantinha-se calado. Os ex-ministros conversavam a todo momento com jornalistas em tom reservado.

O clima pesado fazia com que as cadeiras ficassem vazias naquele lado da galeria em muitos momentos. O próprio Lula deixou a sessão no meio, outros convidados deste lado se esforçavam entre bocejos e conversas no celular para manterem-se concentrados.

Apesar do ambiente controverso, não ocorreram conflitos ou provocações entre os grupos de convidados. A paz, em meio à guerra política, reinou entre os convidados, enquanto lá na frente, Dilma falava à exaustão.