Programa de rádio da UFRGS deixa de ir ao ar após convidado citar "golpe"
Um programa realizado pelos alunos de jornalismo da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) nesta quinta-feira (8) na rádio da Universidade que tinha como entrevistado o cientista político e professor da faculdade Benedito Tadeu César foi vetado e não foi ar depois que o diretor da rádio considerou que a transmissão violava a lei eleitoral. Em seu Facebook, o cientista político criticou a decisão, que considerou um “ato de censura”, e disse que a direção alegou que não poderia veicular o programa porque o professor falou em “golpe”.
“O diretor da rádio, mal nós terminamos a gravação do programa, entrou no estúdio, violando a autonomia docente, e informando que o programa não iria ao ar pois continha a palavra 'golpe'. Nós questionamos, dizendo que era absurdo, não se fazia nenhuma referência a nenhum candidato. Ele argumentou que se falou em golpe, que não pode chamar nem o PMDB nem o presidente de golpista, que é período eleitoral, o PMDB esta concorrendo às eleições”, afirmou o professor ao UOL.
César disse que procurou imediatamente a reitoria da universidade para esclarecer a situação e que foi informado que a direção irá apurar o caso. Segundo o professor, que em seu perfil na rede social se posiciona contra o atual governo, ele comentava a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado durante o julgamento do impeachment. “O programa abre com uma pergunta em cima da fala da presidenta falando em golpe parlamentar. Explico a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo. Presidencialismo não é assim. Se alegar que houve crime de responsabilidade e não se provar o crime, trata-se de um golpe”, afirmou.
De acordo com o diretor da rádio da universidade, André Luis Prytoluk, o veto teve como base a lei eleitoral 9.504, que proíbe as emissoras de rádio e televisão de “veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes”. “No programa mencionado foi citado a sigla PMDB e PT, inviabilizando a veiculação. O professor e os alunos caracterizaram como censura. Caracterizo como obediência civil. Me cumpre atender a legislação. Fiquei até surpreso com a reação deles. Se veiculo, somos penalizados. Tenho que zelar pelo veículo. Estou sendo criticado por cumprir a lei”, afirmou Prytoluk.
Ele criticou ainda o fato do professor, como cientista político, “desconhecer a legislação”. “Não estou me posicionando a favor de nenhum lado. Estou aqui como gestor. Fosse feito fora do período eleitoral não teria problema nenhum.”
Procurada pelo UOL, a reitoria da universidade não respondeu até a publicação desta reportagem.
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